São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007 |
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Foco Artistas visuais italianas plantam flores e levam livros de arte à praça da Sé
SILAS MARTÍ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Na manhã do dia seguinte ao tiroteio que deixou três pessoas baleadas na estação Sé do metrô, três artistas saíram para plantar margaridas e girassóis na praça onde fica o marco zero de São Paulo. A brasileira radicada na Itália Vera Uberti, 42, e as italianas Valentina Vetturi, 28, e Katia Meneghini, 26, moram há dois meses na praça do Patriarca, a algumas quadras da Sé, no Lutetia, residência para artistas mantida pela Faap. Plantar flores na praça é uma das ações que as artistas planejaram para concluir a temporada em SP. E, num último ato, sairão amanhã com um carrinho cheio de livros de arte para mostrar aos ex-criminosos, prostitutas e ambulantes que conheceram nesses meses. Quem passar pela praça poderá folhear "História da Arte Moderna", de Giulio Carlo Argan, e catálogos da obra de Andy Warhol e Joseph Beuys. "Nosso trabalho é entender a sociedade e o espaço por meio da arte", explica Meneghini, com um colar de sementes de guaraná e óculos de aro vermelho. Elas documentaram toda a experiência num blog. Descobriram entre os moradores de rua artistas desempregados, médicos e pedreiros, alguns agora envolvidos no crime. "Você chega cheio de preconceitos e depois descobre pessoas muito interessantes. Nunca achei que pudesse sentir carinho por alguém que já matou duas pessoas", conta Uberti, sobre um morador da praça que gravou um vídeo para o projeto. Elas voltam para a Itália levando na bagagem apenas o registro do tempo que passaram aqui, sem mostra agendada, nem obras para exibir. "Isso é quando a arte suja as mãos, se coloca em jogo", diz Meneghini. Perguntada se não acha ingênua a tentativa de três artistas de fora de mudarem um quadro de miséria e violência com flores e livros de arte, ela rebate: "as pessoas nunca fazem nada, porque tudo parece ingênuo". Ainda assim, frisam a diferença entre a arte que fazem e assistência social. Instaladas em amplos lofts com decoração minimalista, dizem querer apenas levantar questões na praça -depois de escapar a duas tentativas de assalto. Texto Anterior: Peça reconstitui caso religioso real Índice |
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