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Bregovic traz sons dos Bálcãs ao Brasil
Importante referência musical da região, músico toca em Brasília e Porto Alegre em setembro; data em SP está em negociação
Nascido na ex- Iugoslávia,
Goran Bregovic fez trilhas
para Kusturica, parceria com
Iggy Pop e volta ao país para
shows após quase dez anos
Ricardo M.L.-7.jul.05/Efe
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Goran Bregovic e a Banda para Casamentos e Funerais se apresentamno Festival de Teatro Clássico de Mérida, na Espanha
MARCOS GRINSPUM FERRAZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ele vem de um lugar onde
"historicamente a música é tocada acompanhada de bebidas"
e diz estar dando uma modesta
contribuição a essa tradição
com o lançamento de seu novo
disco, "Alkohol". O compositor
Goran Bregovic, 59, nascido na
antiga Iugoslávia, vem ao país
em 2010, trazendo um som
marcado pela diversidade e inspirado em levadas ciganas.
As apresentações confirmam
o bom momento vivido pela
música dos Bálcãs no mundo,
que tem inspirado bandas e
DJs e marcado presença em
shows e pistas de dança.
Bregovic explica que "Alkohol" é dividido em duas partes.
A primeira, "Sljivovica" (bebida
de ameixa com alto teor alcoólico), é levada por sons de metais e percussões típicos dos
Bálcãs. "É para ser ouvida e
dançada com bebidas fortes."
A segunda, "Champagne",
tem estrutura mais complexa,
com arranjos para sopros, vozes e uma pequena orquestra
de câmara. Essa parte, segundo
Bregovic, pede "álcool mais
suave e luzes mais baixas".
Ele tem apresentações marcadas para 5 de setembro no
Cena Contemporânea de Brasília e nos dias 7 e 8 no Porto Alegre em Cena (com datas em negociação para São Paulo e Salvador). No palco, além de Bregovic, estarão 18 músicos, que
formam a Banda para Casamentos e Funerais.
O público pode esperar o som
rasgado e contagiante de trompetes velozes, tuba, coros masculinos e percussão -típicos
dos Bálcãs-, mas também deve
estar preparado para experimentações: Bregovic já teve
bandas de rock e já usou sons
eletrônicos em seus discos.
O músico, que toca desde os
15 anos, ficou conhecido no
Ocidente por suas trilhas para
filmes do cineasta Emir Kusturica, como "Underground"
(1995). Hoje, é citado como influência por novos músicos
-como Zach Condom do Beirut- e por DJs que têm difundido o som dos Bálcãs em baladas, como o alemão Shantel.
Bregovic disse ver uma clara
relação entre o sucesso da música dos Bálcãs e o momento
político por que passam os países do Leste Europeu. Para ele,
são povos que oscilaram, ao
longo da história, entre ciclos
de entusiasmo e depressão e
que agora acreditam que a Europa tem um projeto para eles.
"Antes, acreditava que minha música devia vir vestida
nas roupagens ocidentais, que
impressionavam jovens dos
países comunistas. Agora uso
minhas roupas comuns", diz.
Fronteiras da música
E suas "roupas" vêm no plural, pois são muitas. Bregovic
misturou, ao longo da carreira,
tradicional e moderno, regional
e internacional. Se tocou com
"os melhores músicos, de Viena
a Istambul", não deixou de buscar outros estilos, em parcerias
com Iggy Pop e Cesária Évora.
Mas é fácil compreender o
hibridismo quando se veem as
origens de Bregovic. Filho de
mãe sérvia e pai croata, nascido
na Bósnia e casado com uma
muçulmana, ele diz: "Venho da
fronteira entre católicos, cristãos ortodoxos e muçulmanos.
Nesse lugar, a música é contaminada por vários elementos".
Questionado sobre as fronteiras entre os estilos musicais
do Leste Europeu, ele responde: "No lugar que me interessa,
na alma, a música não é dividida em entidades geográficas.
Há apenas música boa e ruim".
Bregovic esteve no Brasil
duas vezes - na Sala São Paulo
em 1999 e em Porto Alegre em
2001-, com shows aclamados
pela crítica. "Os latino-americanos parecem ter uma voluptuosa paixão que eu não encontrei no resto do mundo. Gosto
muito de tocar aí", afirma.
Sobre boas bandas que carregam a tradição dos Balcãs hoje
em dia, ele diz: "São muitas. Você precisa ir a um casamento na
Turquia, Romênia ou Macedônia para ver".
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