São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

"Pop Brasil" seleciona 200 obras primitivas e contemporâneas

Exposição no CCBB destaca os "brasileiros populares"

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não se engane. O "pop" da mostra "Pop Brasil", aberta hoje no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo, é uma abreviação de popular e não pretende apresentar artistas brasileiros que trabalharam dentro do movimento da arte pop, como Cláudio Tozzi ou Wesley Duke Lee.
"Fui convidado pelo CCBB a organizar uma mostra de arte popular brasileira. Minha intensão aqui é provocar uma discussão, pois selecionei não só artistas considerados primitivos, mas também contemporâneos que trabalham com a temática popular", diz Paulo Klein, curador da exposição.
O desafio de Klein foi dar um passo adiante ao que Emanoel Araújo realizou no módulo de arte popular da Mostra do Redescobrimento, em 2000.
"Creio que o diferencial aqui é a pintura, um suporte não muito explorado no Redescobrimento; fiz uma ampla pesquisa e apresentamos obras representativas", afirma Klein. Entre elas a do português Cardosinho (1861-1947), que começou a pintar aos 70 anos, no Rio de Janeiro, e que tem obras até no acervo da Tate Gallery, de Londres.
No entanto, a seleção é vasta demais para os limitados espaços expositivos do CCBB, que em breve devem ganhar ampliação. As paredes do subsolo estão repletas de quadros, mais de cem, alguns de tamanhas dimensões que não permitiam o necessário distanciamento para observá-los. "Acho que preciso dar uma editada", comentava Klein na última quarta-feira, durante a montagem.
O subsolo recebe ainda duas instalações: o vídeo "Juazeiro do Norte: A Nova Jerusalém", de Rosemberg Cariry, e fotos de Dona Romana, em Natividade, em Tocantins.
Uma opção que pode ser questionada na mostra é apresentar contemporâneos e primitivos em locais diferentes. Exibi-los num mesmo espaço seria uma forma de reunir produções de um mesmo período, sem enclausurá-las em rótulos e universos distintos.
"Meu critério foi considerar a mostra como um todo, cuja principal característica é a qualidade. Mas minha opção foi fazer uma pausa entre esses dois momentos. E o saguão do CCBB, no térreo, funciona como importante elo de ligação entre eles", diz Klein. No hall de entrada estão esculturas, em maior parte, e obras de artistas como mestre Pitiba, com uma estética mais próxima à dos artistas no segundo andar.
Com o caos visual do subsolo, a mostra no piso superior do CCBB ganha respiro e permite melhor atenção. Lá estão artistas que realizam uma interessante interface com a temática popular. As pequenas esculturas em formatos de ex-votos de Efrain Almeida e "Cajueiro com Neve de Algodão", de Marepe, são bons exemplos.
Apontar apenas dois artistas é até uma injustiça, pois a seleção é bastante representativa, o que garante boas memórias para quem fizer a visita.


POP BRASIL: A ARTE POPULAR E O POPULAR NA ARTE - mais de 200 obras fazem um panorama que mescla a produção primitiva e a produção contemporânea brasileira com referências populares. Curadoria: Paulo Klein. Quando: abertura hoje, às 11h; de ter. a dom., das 12h às 19h30. Até 25/8. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, Centro, tel. 3113-3651). Quanto: entrada franca.



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