São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

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Crítica/cinema/"Irina Palm"

Sam Garbaski dribla sentimentalismo em drama previsível

Diretor conta história de viúva que envereda pelo submundo do sexo em Londres para ajudar o neto doente

Divulgação
Marianne Faithfull em cena de "Irina Palm'


INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Irina Palm", em cartaz na cidade, faz parte desse subgênero cinematográfico que trata de mulheres que, após passar a vida em branco, é forçada por uma razão a fugir do convencional.
Talvez o grande sucesso dessa saga seja, até hoje, "Pão e Tulipas", em que uma dona-de-casa, após ser esquecida no caminho pela própria família, encontra um garçom bonitão na pessoa de Bruno Ganz.
O destino de Maggie ou Irina Palm (Marianne Faithfull) é um tanto mais dramático: é uma viúva morando nas proximidades de Londres cujo neto sofre de doença para a qual só existe tratamento na Austrália. Problema: o filho, um razoável fracassado, não tem dinheiro para pagar o tratamento. Irina também não.
Soluções: buscar financiamento, procurar emprego. Ninguém empresta dinheiro e ninguém tem emprego para uma mulher. Mas Maggie tenta e se oferece num lugar onde se procura por uma "hostess". Fica sabendo pelo dono do lugar, Miki (Miki Manojlovic), que "hostess" ali significa prostituta. Mas ela precisa do dinheiro. Miki informa-lhe a função: permanecer em um quartinho onde os homens, por um orifício, introduzem o pênis para que seja masturbado. Maggie fica horrorizada, mas topa.
É o início da lenda de Irina Palm, pois não demora para que toda Londres descubra o talento que ela tem nas mãos e forme filas intermináveis à frente do cubículo onde se desempenha profissionalmente.
Esse é o achado do filme. O restante é bem previsível, pois envolve as complicações decorrentes da vida dupla de Irina, por um lado, e por outro o conhecimento que procura nos dar sobre o chamado submundo do sexo em Londres. São ambos aspectos tremendamente convencionais. Descobrimos que as pessoas de bem podem ser muito pouco de bem e, ao mesmo tempo, que cafetões repulsivos podem não ser tão repulsivos assim.
Embora seja função dos filmes mostrar coisas diferentes do que imaginamos, em "Irina Palm" essas diferenças são minguadas. Diga-se a favor da direção de Sam Garbaski que, tendo em mãos um argumento que tudo inclina ao mais baixo sentimentalismo, consegue driblá-lo heroicamente e ainda assim realizar um filme com todos os elementos para fazer sucesso nos cinemas de arte.


IRINA PALM
Produção:
Bélgica/Luxemburgo/Alemanha/Inglaterra/França, 2007
Direção: Sam Garbarski
Com: Marianne Faithfull, Kevin Bishop
Avaliação: regular


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