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ERUDITO
Instrumentista norte-americano faz três apresentações em São Paulo com o pianista britânico Simon Mulligan
Joshua Bell "atualiza" violino barroco
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Depois de tocar na trilha sonora
do filme "O Violino Vermelho",
de François Girard (1998), o violinista norte-americano Joshua
Bell, 37, resolveu se render ao encarnado e comprou um instrumento dessa cor, que ele exibe
nesta noite em São Paulo, acompanhado pelo pianista britânico
Simon Mulligan.
Tido como um dos maiores virtuoses do violino na atualidade, e
artista exclusivo da Sony, Bell já
tocava um Stradivarius quando
veio ao Brasil pela primeira vez,
em 96, mas se encantou ao conhecer o violino de 1713, com que se
apresenta na série Concertos
BankBoston. "Estou com ele há
dois anos. Ele tem um equilíbrio
melhor do que o outro, e também
me facilita ao tocar com orquestras, porque seu som é maior e
mais rico", afirma.
Ele escolheu, para abrir suas
apresentações, um dos maiores
monumentos barrocos para a escrita solista de seu instrumento: a
"Chacona" da "Partita nš 2", de
Johann Sebastian Bach.
"Embora meu Stradivarius seja
do período barroco, ele está montado como um instrumento moderno", conta. "Por isso, seria sem
sentido tocá-lo como se fosse um
violino "de época". Quando comecei a ouvir essa peça, meus referenciais eram intérpretes, por assim dizer, mais "românticos", como Henryk Szeryng e Nathan
Milstein. Hoje, aprendi um pouco
com a escola de música antiga,
que me influenciou, nesta peça,
no meu uso do vibrato e do arco."
A apresentação traz ainda a
"Fantasia op. 150", de Schubert, e
a "Sonata", de Ravel, terminando
com a colorida "Fantasia sobre
Temas de "Carmen" de Bizet", do
lendário violinista espanhol Pablo
de Sarasate (1844-1908).
Bell defende o "valor musical"
da obra, vista como mero veículo
para o virtuosismo do intérprete.
"Gosto da música de compositores-violinistas, como Wieniawski,
Kreisler e Sarasate. O problema é
que, às vezes, essa música é tocada
como se não tivesse valor e acaba
soando assim."
Embora não se tenha rendido
completamente à escola "de época" ("às vezes, acho que eles soam
muito afetados e artificiais"), o
instrumentista registrou seu último CD existente no mercado com
um dos principais regentes de
música antiga da atualidade, Roger Norrington, renomado pelos
tempos rápidos que costuma imprimir a suas leituras.
Além disso, ele acaba de gravar,
com a Academy of St. Martin in
the Fields, regida por Michael
Stern (filho do mítico violinista
Isaac Stern), um disco com transcrições para violino e orquestra de
obras originalmente compostas
para outras formações, como
árias de óperas de Puccini e Bellini. Ainda sem título, o álbum deve
aparecer no final do ano.
Outro plano é regravar o concerto de Tchaikovski. "A gravação
que fiz dessa obra já está fora de
catálogo, e eu queria ter outra
chance com ela", diz.
JOSHUA BELL E SIMON MULLIGAN.
Quando: hoje, amanhã e dia 15, às 21h.
Onde: Espaço Cultural BankBoston (av.
Dr. Chucri Zaidan, 246, tel. 3081-1911).
Ingressos: R$ 26 (para clientes) e R$ 40.
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