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São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2003

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ERUDITO

Instrumentista norte-americano faz três apresentações em São Paulo com o pianista britânico Simon Mulligan

Joshua Bell "atualiza" violino barroco

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Depois de tocar na trilha sonora do filme "O Violino Vermelho", de François Girard (1998), o violinista norte-americano Joshua Bell, 37, resolveu se render ao encarnado e comprou um instrumento dessa cor, que ele exibe nesta noite em São Paulo, acompanhado pelo pianista britânico Simon Mulligan.
Tido como um dos maiores virtuoses do violino na atualidade, e artista exclusivo da Sony, Bell já tocava um Stradivarius quando veio ao Brasil pela primeira vez, em 96, mas se encantou ao conhecer o violino de 1713, com que se apresenta na série Concertos BankBoston. "Estou com ele há dois anos. Ele tem um equilíbrio melhor do que o outro, e também me facilita ao tocar com orquestras, porque seu som é maior e mais rico", afirma.
Ele escolheu, para abrir suas apresentações, um dos maiores monumentos barrocos para a escrita solista de seu instrumento: a "Chacona" da "Partita nš 2", de Johann Sebastian Bach.
"Embora meu Stradivarius seja do período barroco, ele está montado como um instrumento moderno", conta. "Por isso, seria sem sentido tocá-lo como se fosse um violino "de época". Quando comecei a ouvir essa peça, meus referenciais eram intérpretes, por assim dizer, mais "românticos", como Henryk Szeryng e Nathan Milstein. Hoje, aprendi um pouco com a escola de música antiga, que me influenciou, nesta peça, no meu uso do vibrato e do arco."
A apresentação traz ainda a "Fantasia op. 150", de Schubert, e a "Sonata", de Ravel, terminando com a colorida "Fantasia sobre Temas de "Carmen" de Bizet", do lendário violinista espanhol Pablo de Sarasate (1844-1908).
Bell defende o "valor musical" da obra, vista como mero veículo para o virtuosismo do intérprete. "Gosto da música de compositores-violinistas, como Wieniawski, Kreisler e Sarasate. O problema é que, às vezes, essa música é tocada como se não tivesse valor e acaba soando assim."
Embora não se tenha rendido completamente à escola "de época" ("às vezes, acho que eles soam muito afetados e artificiais"), o instrumentista registrou seu último CD existente no mercado com um dos principais regentes de música antiga da atualidade, Roger Norrington, renomado pelos tempos rápidos que costuma imprimir a suas leituras.
Além disso, ele acaba de gravar, com a Academy of St. Martin in the Fields, regida por Michael Stern (filho do mítico violinista Isaac Stern), um disco com transcrições para violino e orquestra de obras originalmente compostas para outras formações, como árias de óperas de Puccini e Bellini. Ainda sem título, o álbum deve aparecer no final do ano.
Outro plano é regravar o concerto de Tchaikovski. "A gravação que fiz dessa obra já está fora de catálogo, e eu queria ter outra chance com ela", diz.


JOSHUA BELL E SIMON MULLIGAN.
Quando: hoje, amanhã e dia 15, às 21h.
Onde: Espaço Cultural BankBoston (av. Dr. Chucri Zaidan, 246, tel. 3081-1911).
Ingressos: R$ 26 (para clientes) e R$ 40.



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