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Quarteto vienense alterna vigor e ternura
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Há algo de gratificante no fato
de o Quarteto Alban Berg ter feito
de São Paulo uma de suas frequentes escalas em turnês. Os
quatro instrumentistas austríacos
de cordas são uma espécie de referência mundial em música de câmara. Eles darão hoje a primeira
das três récitas programadas pelo
Cultura Artística.
O grupo foi formado em Viena,
em 1971. Pertencem à formação
original o spalla Günter Pichler e
o violoncelista Valentin Erben.
Gerhard Schulz, segundo violino,
e Thomas Kakuska, viola, incorporaram-se ao quarteto posteriormente.
É bem pouco dizer que a receita
básica do grupo está no fato de,
individualmente, serem fantásticos solistas, que, ao mesmo tempo, conseguiram construir uma
linguagem de conjunto em que
prevalecem o rigor de leitura e o
respeito a um repertório que se
estende da segunda metade do século 18 a peças contemporâneas.
O Alban Berg se sobressai pelo
vigor moderado e preciso dos ataques e pela ternura dos pianíssimos. Têm uma técnica de arco
que tornam belas até as notas em
corda solta.
Sabem tratar Mozart como um
músico do período clássico e
Brahms como o mais maduro dos
românticos. Exprimem algo de
antropológico, histórico e espiritual em peças de cada época ou
compositor.
Gravaram ciclos integrais dos
quartetos para cordas de Brahms,
Berg, Beethoven, Webern e Bartok. Receberam três dezenas de
grandes prêmios internacionais
-o Gramophone Award, o
Grand Prix du Disque, por exemplo-, numa média rara de um
prêmio por ano.
Na recente história da música
de câmara, o feito só foi igualado
pelo saudoso Quarteto Amadeus,
ao qual Pichler e seus companheiros substituíram em 1993 no corpo docente do Conservatório de
Colônia. Os quatro músicos também lecionam em Viena.
Eles farão desta vez em São Paulo três programas diferentes, com
Mozart, Schnitke, Smetana,
Haydn, Janacek e Beethoven.
Pena não terem incluído peças
de Berg ou dos atonalistas da Escola de Viena, dos quais são hoje
provavelmente os mais exemplares dos intérpretes.
QUARTETO ALBAN BERG. Quando:
hoje, amanhã e quarta-feira, dia 9, às
21h. Onde: Cultura Artística (r. Nestor
Pestana, 196, região central, tel. 3258-3616). Quanto: de R$ 80 a R$ 180 (R$ 10
para estudantes de até 30 anos, meia
hora antes de cada concerto).
Patrocinadores: Bovespa, Telefônica e
Votorantim.
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