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São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2003

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Quarteto vienense alterna vigor e ternura

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Há algo de gratificante no fato de o Quarteto Alban Berg ter feito de São Paulo uma de suas frequentes escalas em turnês. Os quatro instrumentistas austríacos de cordas são uma espécie de referência mundial em música de câmara. Eles darão hoje a primeira das três récitas programadas pelo Cultura Artística.
O grupo foi formado em Viena, em 1971. Pertencem à formação original o spalla Günter Pichler e o violoncelista Valentin Erben. Gerhard Schulz, segundo violino, e Thomas Kakuska, viola, incorporaram-se ao quarteto posteriormente.
É bem pouco dizer que a receita básica do grupo está no fato de, individualmente, serem fantásticos solistas, que, ao mesmo tempo, conseguiram construir uma linguagem de conjunto em que prevalecem o rigor de leitura e o respeito a um repertório que se estende da segunda metade do século 18 a peças contemporâneas.
O Alban Berg se sobressai pelo vigor moderado e preciso dos ataques e pela ternura dos pianíssimos. Têm uma técnica de arco que tornam belas até as notas em corda solta.
Sabem tratar Mozart como um músico do período clássico e Brahms como o mais maduro dos românticos. Exprimem algo de antropológico, histórico e espiritual em peças de cada época ou compositor.
Gravaram ciclos integrais dos quartetos para cordas de Brahms, Berg, Beethoven, Webern e Bartok. Receberam três dezenas de grandes prêmios internacionais -o Gramophone Award, o Grand Prix du Disque, por exemplo-, numa média rara de um prêmio por ano.
Na recente história da música de câmara, o feito só foi igualado pelo saudoso Quarteto Amadeus, ao qual Pichler e seus companheiros substituíram em 1993 no corpo docente do Conservatório de Colônia. Os quatro músicos também lecionam em Viena.
Eles farão desta vez em São Paulo três programas diferentes, com Mozart, Schnitke, Smetana, Haydn, Janacek e Beethoven.
Pena não terem incluído peças de Berg ou dos atonalistas da Escola de Viena, dos quais são hoje provavelmente os mais exemplares dos intérpretes.


QUARTETO ALBAN BERG. Quando: hoje, amanhã e quarta-feira, dia 9, às 21h. Onde: Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, região central, tel. 3258-3616). Quanto: de R$ 80 a R$ 180 (R$ 10 para estudantes de até 30 anos, meia hora antes de cada concerto).
Patrocinadores: Bovespa, Telefônica e Votorantim.



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