São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2007

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Mostras em São Paulo tematizam o feminino

Sesc Paulista tem exposição com nomes internacionais, como Marina Abramovic

Armin Linke e Vito Acconci também apresentam trabalhos em "Mulher Mulheres", que ocupa três andares de edifício


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Dia Internacional da Mulher motivou museus, galerias e outras instituições a organizarem mostras que têm o feminino como foco principal.
"Mulher Mulheres - Um Olhar sobre o Feminino na Arte Contemporânea", que é aberta hoje no Sesc Paulista apresentando 19 artistas, é a que investe mais claramente na temática.
Com curadoria de Adelina von Fürstenberg, armênia radicada em Milão, "Mulher Mulheres" expõe no Sesc Paulista artistas de trânsito mundial, como a sérvia Marina Abramovic, o norte-americano Vito Acconci e o italiano Armin Linke.
"Pensei em como o feminino pode gerar experiências artísticas contemporâneas, mas não só usando mulheres", diz a curadora, que já levou a exposição para Genebra e Florença. "Mas, em cada uma, mudam artistas e obras. Em Florença, quis investir mais em pintura, segundo a tradição da cidade. Aqui em São Paulo, grande metrópole, escolhi obras que fossem mais interativas. Por isso há muitos vídeos e instalações."
Von Fürstenberg queria uma fachada chamativa, com grandes painéis fotográficos da italiana Marta Dell'Angelo espalhados, mas a nova lei contra a poluição visual da Prefeitura de São Paulo fez com que as intervenções fossem mais discretas.
"De qualquer modo, há grandes fotografias na entrada principal, bastante visíveis para quem passa na calçada. Não acho que houve muito prejuízo", avalia Dell'Angelo, que apresenta uma série baseada nas "Cariátides" gregas.
Atrair o público feminino da avenida também é uma das estratégias do paulista radicado no Rio Nelson Leirner, que criou uma "instalação-bazar" no piso térreo do Sesc.
"Utilizei bolsas porque elas tanto podem ser objetos de exibição, de vaidade feminina, mas também por seu lado de guardarem segredo. Exceto a dona, ninguém sabe muito bem o que tem lá dentro", conta ele, que enfileirou dezenas de bolsas, com estampas das mais diversas, em uma espécie de cubo pontuado por cabides.
"Espero que alguma mulher venha aqui e pergunte o preço de alguma", brinca Leirner.

Outros andares
Em outros dois andares do Sesc, as videoinstalações e as fotografias dominam a mostra. O grego Angelos Plessas espalhou cinco monitores com imagens icônicas da mulher que, com o movimento do espectador no mouse, mudam sua configuração.
O alemão Matthias Müller -destaque da Arco 2007, onde uma de suas obras fazia parte do segmento "Black Box"- e a mexicana Teresa Serrano utilizam a imagem cinematográfica da mulher em seus vídeos.
De forma mais sutil, o tom político crítico está presente nas fotografias de Armin Linke -sobre mulheres no universo do trabalho- e, de maneira evidente, nas instalações de Vito Acconci -objetos em contorção que emitem sons- e da etíope Sheba Chhachhi, com relatos de mulheres indianas às voltas com conflitos étnicos.
A artista brasileira Rochelle Costi apresenta uma instalação com painéis, nos quais utiliza fotos antigas de mulheres com estrabismo.
"Utilizo o discurso da publicidade para questionar se a transformação do seu corpo, da sua imagem, é tão acessível quanto parece", explica a artista, ela própria estrábica.


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