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Mostras em São Paulo tematizam o feminino
Sesc Paulista tem exposição com nomes internacionais, como Marina Abramovic
Armin Linke e Vito Acconci também apresentam trabalhos em "Mulher Mulheres", que ocupa três andares de edifício
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Dia Internacional da Mulher motivou museus, galerias e
outras instituições a organizarem mostras que têm o feminino como foco principal.
"Mulher Mulheres - Um
Olhar sobre o Feminino na Arte Contemporânea", que é
aberta hoje no Sesc Paulista
apresentando 19 artistas, é a
que investe mais claramente na
temática.
Com curadoria de Adelina
von Fürstenberg, armênia radicada em Milão, "Mulher Mulheres" expõe no Sesc Paulista
artistas de trânsito mundial,
como a sérvia Marina Abramovic, o norte-americano Vito Acconci e o italiano Armin Linke.
"Pensei em como o feminino
pode gerar experiências artísticas contemporâneas, mas não
só usando mulheres", diz a curadora, que já levou a exposição
para Genebra e Florença. "Mas,
em cada uma, mudam artistas e
obras. Em Florença, quis investir mais em pintura, segundo a
tradição da cidade. Aqui em São
Paulo, grande metrópole, escolhi obras que fossem mais interativas. Por isso há muitos vídeos e instalações."
Von Fürstenberg queria uma
fachada chamativa, com grandes painéis fotográficos da italiana Marta Dell'Angelo espalhados, mas a nova lei contra a
poluição visual da Prefeitura de
São Paulo fez com que as intervenções fossem mais discretas.
"De qualquer modo, há grandes fotografias na entrada principal, bastante visíveis para
quem passa na calçada. Não
acho que houve muito prejuízo", avalia Dell'Angelo, que
apresenta uma série baseada
nas "Cariátides" gregas.
Atrair o público feminino da
avenida também é uma das estratégias do paulista radicado
no Rio Nelson Leirner, que
criou uma "instalação-bazar"
no piso térreo do Sesc.
"Utilizei bolsas porque elas
tanto podem ser objetos de exibição, de vaidade feminina,
mas também por seu lado de
guardarem segredo. Exceto a
dona, ninguém sabe muito bem
o que tem lá dentro", conta ele,
que enfileirou dezenas de bolsas, com estampas das mais diversas, em uma espécie de cubo
pontuado por cabides.
"Espero que alguma mulher
venha aqui e pergunte o preço
de alguma", brinca Leirner.
Outros andares
Em outros dois andares do
Sesc, as videoinstalações e as
fotografias dominam a mostra.
O grego Angelos Plessas espalhou cinco monitores com imagens icônicas da mulher que,
com o movimento do espectador no mouse, mudam sua configuração.
O alemão Matthias Müller
-destaque da Arco 2007, onde
uma de suas obras fazia parte
do segmento "Black Box"- e a
mexicana Teresa Serrano utilizam a imagem cinematográfica
da mulher em seus vídeos.
De forma mais sutil, o tom
político crítico está presente
nas fotografias de Armin Linke
-sobre mulheres no universo
do trabalho- e, de maneira evidente, nas instalações de Vito
Acconci -objetos em contorção que emitem sons- e da
etíope Sheba Chhachhi, com
relatos de mulheres indianas às
voltas com conflitos étnicos.
A artista brasileira Rochelle
Costi apresenta uma instalação
com painéis, nos quais utiliza
fotos antigas de mulheres com
estrabismo.
"Utilizo o discurso da publicidade para questionar se a
transformação do seu corpo, da
sua imagem, é tão acessível
quanto parece", explica a artista, ela própria estrábica.
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