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ARTES PLÁSTICAS
Exposição afirma a sobrevivência da categoria corpórea e confronta peças representativas dos anos 90
"Pele, Alma" revaloriza o tema do corpo
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
"Pele, Alma" é mostra
subjetivista. Agrupa obras
da última década com proposta
curatorial bem dimensionada.
O tema do corpo firmou-se na
discussão sobre arte contemporânea dos anos 90. Serviu de termo
de comparação entre trabalhos
heterogêneos, adotado também
na literatura especializada.
A exposição no Centro Cultural
Banco do Brasil afirma a sobrevivência da categoria corpórea por
meio de quatro núcleos. Cada
qual se ordena conforme um aspecto técnico comum às peças
agrupadas: mimetismo epidérmico, mimetismo de violência corporal, brilho ou tatuagem.
"Desenhos da Pele" confronta
Rosângela Rennó com Sandra
Cinto sob um aspecto superficial:
a decoração cutânea. A primeira
apropria-se de documentação fotográfica carcerária sobre a classificação de taras por meio da ornamentação corporal, em "Tatoo 6A
and B" (1997). Sandra estende ao
próprio corpo desenhos murais
delicados que confundem criatura e criador em obra de 2001.
Por outro lado, as obras são integradas num único conjunto em
"A Pele É Roupagem da Alma". A
similitude entre a volumetria epidérmica e o pano faz do vão do
antigo prédio eclético uma trama
de almofadas róseas. Superpõem-se a "Construção Orgânica com
Propriedades Morfológicas de
Relacionamento. A Feto Gravitacional" (2003), de Ernesto Neto, o
"De um Lado para o Outro e de
Outro para Um" (1999), de Renata Pedrosa, e a instalação de Solange Pessoa (1998).
Reitera-se um apelo ao espectador pela transcendência. Segundo
a curadoria, a pele se liga à alma
como investigação das "possibilidades de existência de uma nova
espiritualidade na arte contemporânea, que se manifesta através do
corpo". Versos e textos poéticos a
respeito podem ser lidos sobre
paredes ora rosas, ora brancas.
A coleção representa valores
subjetivos da arte. O desafio da espiritualidade é individual e cada
visitante experimenta, à própria
moda, a distribuição ascencional
dos grupos por quatro andares.
A ocupação do espaço permite
visita cômoda ao fragmentado
CCBB. Peças representativas dos
anos 90, como o "Quadro Ferido"
(1992), de Adriana Varejão, garantem o interesse do mergulho
no edifício central.
Pele, Alma
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r.
Álvares Penteado, 112, região central,
tel. 3113-3651)
Quando: de ter. a dom., das 12h às 20h;
até 16/3
Quanto: entrada franca
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