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São Paulo, domingo, 09 de fevereiro de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição afirma a sobrevivência da categoria corpórea e confronta peças representativas dos anos 90

"Pele, Alma" revaloriza o tema do corpo

FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA

"Pele, Alma" é mostra subjetivista. Agrupa obras da última década com proposta curatorial bem dimensionada.
O tema do corpo firmou-se na discussão sobre arte contemporânea dos anos 90. Serviu de termo de comparação entre trabalhos heterogêneos, adotado também na literatura especializada.
A exposição no Centro Cultural Banco do Brasil afirma a sobrevivência da categoria corpórea por meio de quatro núcleos. Cada qual se ordena conforme um aspecto técnico comum às peças agrupadas: mimetismo epidérmico, mimetismo de violência corporal, brilho ou tatuagem.
"Desenhos da Pele" confronta Rosângela Rennó com Sandra Cinto sob um aspecto superficial: a decoração cutânea. A primeira apropria-se de documentação fotográfica carcerária sobre a classificação de taras por meio da ornamentação corporal, em "Tatoo 6A and B" (1997). Sandra estende ao próprio corpo desenhos murais delicados que confundem criatura e criador em obra de 2001.
Por outro lado, as obras são integradas num único conjunto em "A Pele É Roupagem da Alma". A similitude entre a volumetria epidérmica e o pano faz do vão do antigo prédio eclético uma trama de almofadas róseas. Superpõem-se a "Construção Orgânica com Propriedades Morfológicas de Relacionamento. A Feto Gravitacional" (2003), de Ernesto Neto, o "De um Lado para o Outro e de Outro para Um" (1999), de Renata Pedrosa, e a instalação de Solange Pessoa (1998).
Reitera-se um apelo ao espectador pela transcendência. Segundo a curadoria, a pele se liga à alma como investigação das "possibilidades de existência de uma nova espiritualidade na arte contemporânea, que se manifesta através do corpo". Versos e textos poéticos a respeito podem ser lidos sobre paredes ora rosas, ora brancas.
A coleção representa valores subjetivos da arte. O desafio da espiritualidade é individual e cada visitante experimenta, à própria moda, a distribuição ascencional dos grupos por quatro andares.
A ocupação do espaço permite visita cômoda ao fragmentado CCBB. Peças representativas dos anos 90, como o "Quadro Ferido" (1992), de Adriana Varejão, garantem o interesse do mergulho no edifício central.


Pele, Alma
   
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, região central, tel. 3113-3651)
Quando: de ter. a dom., das 12h às 20h; até 16/3
Quanto: entrada franca



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