São Paulo, terça-feira, 09 de fevereiro de 2010

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Atos inúteis estruturam dez vídeos no CCSP

DA REPORTAGEM LOCAL

Flutuando no espaço, tentam violar o cotidiano os vídeos em cartaz no Centro Cultural São Paulo. São dez obras, cada uma calcada num verbo, uma ação inútil, ato plástico que se exprime a partir da exaustão. Um deles mostra a artista Renata Padovan despejando gelatina vermelha sobre neve branca, uma imensidão vazia que acaba por tragar os traços rubros -uma fissura ardente que desaparece sem deixar rastro.
Seguem o mesmo rumo Laís Myrrha e Marilá Dardot, que escrevem sobre um quadro branco para apagar tudo em seguida. Myrrha tenta reproduzir os números de um cronômetro em tempo real, dando presença física à passagem dos segundos, uma denúncia do tédio. Dardot revisita verbos, mas não aponta nenhuma direção concreta.
Virando a rotina do avesso, Rodrigo Castro derrete uma garrafa de leite com um ferro de passar. Parece buscar o potencial plástico do cotidiano, a estética da realidade perturbada, ela também nutrida pelo tédio.
No CCSP, essa falta do que fazer transformada em arte fica pendurada em monitores espalhados pelo espaço. Vira espelho do ritmo da cidade, que ganha a chance de parar e pensar sobre a natureza do ócio.
(SM)


WONDERLAND

Quando: de ter. a sex., das 10h às 20h; sáb. e dom., das 10h às 17h
Onde: CCSP (r. Vergueiro, 1.000, tel. 3397-4002)
Quanto: entrada franca




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