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EXPOSIÇÃO
Mostra de 308 desenhos e aquarelas de Charles Landseer (1799-1878) traz registros da independência do Brasil
"Brasil 1825-26" abre "Álbum Highcliffe"
ALVARO MACHADO
especial para a Folha
Tem perfil de evento histórico a
mostra que a Fundação Maria Luísa e Oscar Americano inaugura
hoje à noite e que em abril segue
para o Centro Cultural Banco do
Brasil, no Rio.
"Brasil 1825-26, Charles Landseer e a Missão Britânica" torna visível uma coleção que poucos conhecem: o "Álbum Highcliffe",
composto de 308 desenhos e aquarelas realizadas pelo artista Charles
Landseer (1799-1878) durante a
missão britânica de reconhecimento da independência brasileira.
Além do álbum, poderão ser vistas ainda 32 obras de William Burchell, Henry Chamberlain e Jean-Baptiste Debret, incorporadas pela
expedição britânica a seu acervo
artístico devido aos temas: sítios
geográficos, arquitetura e aspectos
da vida social brasileira à época da
Independência.
Em 29 de abril próximo, após as
exibições paulista e carioca, todo
esse conjunto -adquirido dos ingleses em 1924 pela família carioca
Guinle- será colocado à venda
pela Christie's de Londres, dentro
da série de leilões intitulada "Exploration and Travel".
Tal documento artístico provavelmente iria parar em mãos estrangeiras, não fosse uma proteção
do patrimônio histórico, a Lei nº
4.845, Anexo 15, de 1965, que proíbe a exportação de obras de arte do
período monárquico.
Novos arranhões no chamado
"orgulho nacional" serão contornados com a seguinte medida prática: a Christie's só entrega o álbum
a compradores de nacionalidade
brasileira.
Até hoje, a coleção teve apenas
dois proprietários. Permaneceu
por quase cem anos em poder da
família do embaixador e chefe da
missão britânica, Charles Stuart.
Em 1924, o historiador Alberto
Rangel comprou-a para os brasileiros, e agora a família Guinle
Paula Machado as vende por um
lance mínimo de US$ 470 mil. Esse
foi o preço estabelecido apenas para o álbum produzido por Landseer, o artista oficial da missão britânica.
Os outros lotes serão negociados
à parte. Caso alguma instituição ou
mecenas venha a adquirir o acervo, sua exibição pública poderá ser
assegurada, contrariando a rotina
dos últimos 173 anos.
O Highcliffe é um álbum encadernado em couro, com 125 páginas. Das 308 obras nele enfeixadas,
31 retratam a comitiva chefiada
por Stuart; 125 se ocupam de registrar a passagem por Portugal; e 152
trazem vistas célebres de cidades
brasileiras, retratos do casal imperial brasileiro, a atividade comercial nas ruas do Rio, então considerada "efervescente" etc.
Além das obras de Landseer, a
mostra traz 18 aquarelas de William Burchell, de refinado acabamento, com paisagens e prédios
históricos de Rio, São Paulo e Cubatão; duas aquarelas de Henry
Chamberlain registrando o casarão Stuart no Catete; e doze aquarelas de Debret, mostrando negros, índios e mestiços.
Mostra: Brasil 1825-1826
Onde: Fundação Maria Luísa e Oscar
Americano (av. Morumbi, 3.700, tel. 842-0077)
Quando: hoje, às 19h (para convidados); de
ter. a sex., das 11h às 17h; sáb. e dom., das
10h às 17h (até dia 28)
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