São Paulo, Terça-feira, 09 de Março de 1999
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Missão trouxe artista iniciante

especial para a Folha

A missão diplomática britânica de reconhecimento da independência brasileira, em 1825-1826, tinha atrás de si objetivos francamente comerciais. A Inglaterra somente poderia renegociar um importante tratado comercial iniciado em 1810 com o Brasil caso a nação fosse soberana. Nenhum país europeu havia reconhecido ainda a independência declarada em 1822 por Dom Pedro 1º.
Contudo, os ingleses tiveram de dançar um complicado minueto com a corte portuguesa antes de enviar à América a missão chefiada por Charles Stuart. Esse embaixador passou antes por Lisboa, onde negociou com Dom João 6º as concessões que haveriam de ser dadas ao Brasil. Daí as muitas paisagens portuguesas registradas no chamado "Álbum Highcliffe".
A inclusão de artistas em missões diplomáticas era ponto de honra para as nações européias desenvolvidas na tradição do Enciclopedismo. Charles Landseer (1799 - 1878) era um artista iniciante quando foi convidado para registrar cenas do Brasil independente, e aceitou um salário baixo. Porém já então se reconhecia sua facilidade em registrar diretamente da natureza, o que a coleção exposta na Fundação Maria Luísa e Oscar Americano a partir de hoje comprova claramente.
Depois da viagem à América, Landseer expôs poucos trabalhos relativos à missão, já que o "Álbum Highcliffe" ficou integralmente em posse de Stuart. À época de sua morte, Landseer deixou um legado de 10 mil libras à Academia Real de Artes britânica para que fossem criadas bolsas de estudo com seu nome. (AM)


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