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Missão trouxe artista iniciante
especial para a Folha
A missão diplomática britânica
de reconhecimento da independência brasileira, em 1825-1826, tinha atrás de si objetivos francamente comerciais. A Inglaterra somente poderia renegociar um importante tratado comercial iniciado em 1810 com o Brasil caso a nação fosse soberana. Nenhum país
europeu havia reconhecido ainda
a independência declarada em
1822 por Dom Pedro 1º.
Contudo, os ingleses tiveram de
dançar um complicado minueto
com a corte portuguesa antes de
enviar à América a missão chefiada por Charles Stuart. Esse embaixador passou antes por Lisboa, onde negociou com Dom João 6º as
concessões que haveriam de ser
dadas ao Brasil. Daí as muitas paisagens portuguesas registradas no
chamado "Álbum Highcliffe".
A inclusão de artistas em missões
diplomáticas era ponto de honra
para as nações européias desenvolvidas na tradição do Enciclopedismo. Charles Landseer (1799 -
1878) era um artista iniciante
quando foi convidado para registrar cenas do Brasil independente,
e aceitou um salário baixo. Porém
já então se reconhecia sua facilidade em registrar diretamente da natureza, o que a coleção exposta na
Fundação Maria Luísa e Oscar
Americano a partir de hoje comprova claramente.
Depois da viagem à América,
Landseer expôs poucos trabalhos
relativos à missão, já que o "Álbum
Highcliffe" ficou integralmente em
posse de Stuart. À época de sua
morte, Landseer deixou um legado
de 10 mil libras à Academia Real de
Artes britânica para que fossem
criadas bolsas de estudo com seu
nome.
(AM)
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