São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2004

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CINEMA

Surfista Fabio Gouveia é tema de documentário

Jorge Furtado e Amélie Poulain vão à praia em filme premiado

Divulgação
O surfista paraibano Fabio Gouveia em cena do documentário dirigido por Pedro Cezar, em cartaz em São Paulo


FÁBIO VICTOR
DO PAINEL FC

Tudo começou com uma encomenda. O dono da surfwear Hang Loose, Alfio Lagnado, pensou em fazer um vídeo para celebrar seu patrocinado mais famoso, Fabinho Gouveia. O surfista paraibano acumulava um mundo de imagens de sua premiada carreira e revelara ao patrão um antigo desejo de condensá-las num teipe.
Lagnado falou então com Pedro Cezar, poeta e autor de vídeos renovadores sobre o esporte, um dos quais mesclando ondas e versos. O que era para ser um projeto caseiro, no máximo um DVD, virou a cinebiografia "Fabio Fabuloso", prêmio de público (melhor documentário nacional) no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, encerrada semana passada.
Os apresentadores Ricardo Bocão e Antonio Ricardo também integram o projeto, assinando a direção com Pedro Cezar. Mas basta uma leitura mais atenta dos créditos para notar que este último centraliza os acertos do filme: é dele o roteiro, a montagem (com Julio Adler), a narração e até algumas músicas da trilha.
Em meio a uma overdose de imagens de surfe, a vida de Fabinho é contada com alegorias e linguagem nordestinas. Para mostrar a excelência do estilo do paraibano, o filme lança mão de repentes, coco, gírias -muitas ininteligíveis para um sulista- e até de um burrico, no qual o homenageado, nascido em Bananeiras, cidade sem mar a 141 km de João Pessoa, passeia rumo à praia.
Único brasileiro campeão mundial amador, primeiro a vencer uma etapa da principal divisão do surfe e a integrar o grupo dos "top 5" do planeta, Fabinho fala pouco, mas é incensado por colegas dos quatro cantos do mundo.
Surfista diletante e admirador entusiasmado de Manoel de Barros, Pedro Cezar conta que se inspirou em "Ilha das Flores", o premiadíssimo curta-metragem de Jorge Furtado, e "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", do francês Jean-Pierre Jeunet, para construir a divertida fábula do surfista.
"De "Ilha", procurei incorporar as digressões sobre os acontecimentos. De "Amélie" busquei a caracterização dos personagens, o humor de associação", afirma.
O fato de ter sido bancado pelo patrocinador (a Hang Loose entrou com R$ 400 mil dos R$ 500 mil gastos com a fita) contribuiu, segundo Pedro Cezar, para o formato. "Como é mesmo um tributo, uma encomenda, escolhi o tom fabular para que não parecesse campanha política."
Não à toa, Fabinho se disse encantado com o resultado. "Ficou tudo muito lindo. Estou rindo de orelha a orelha. O telefone aqui em casa não pára de tocar."


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