São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2004

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CRÍTICA

Longa ilumina minúcias e escapa de clichês

DA REDAÇÃO

Contar a história de um matuto paraibano que virou o maior surfista do país parece fácil, mas o maior mérito de "Fabio Fabuloso" é fazê-lo sem atolar no pântano de estereótipos que rondam um enredo desses. Em vez disso, iluminam-se minúcias do personagem que é Gouveia.
Numa das cenas mais divertidas do documentário, ele recebe no pódio um dos tantos prêmios que ganhou na carreira. O locutor do campeonato o chama ao microfone para dizer umas palavras. Lembra que Fabinho não sabe falar inglês, mas insiste. O surfista então pronuncia sons guturais, num inglês criado ali mesmo.
Quando o filme se debruça sobre os pais de Fabinho, ficamos sabendo que a mãe esculpe passarinhos nos chuchus com que enfeita as saladas. Trata-se de uma informação aparentemente descartável, mas que preenche de espirituosidade as lacunas da fita.
O tom fabular da narrativa (recheada de associações entre os personagens, hipertextos cheios de graça), aliado à trilha de Marcos Cunha, que reúne ritmos nordestinos à eletrônica, aliviam o exagero das seqüências de manobras e dos depoimentos elogiosos.
Entra até uma fala do mecenas Alfio Lagnado. Mas o melhor deles, pela alegria sincera, é o do australiano Rob Page, que conta a curiosa história de "Fabio Bolívia" e define o colega como "a linha de surfe mais limpa já executada".
O ritmo da narração atropela informações básicas. Não fica claro, por exemplo, que Fabinho jamais foi campeão mundial e que sua melhor colocação no Mundial foi um quinto lugar. Nada que desmereça os achados do filme, que, afinal, saiu bem melhor do que a encomenda. (FV)


Fabio Fabuloso
   
Produção: Brasil, 2004
Direção: Pedro Cezar, Ricardo Bocão e Antonio Ricardo
Com: Fabio Gouveia, Kelly Slater
Quando: em cartaz nos cines Bristol, Unibanco Arteplex e Market Place



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