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CRÍTICA
Longa ilumina minúcias e escapa de clichês
DA REDAÇÃO
Contar a história de um matuto paraibano que virou o
maior surfista do país parece fácil,
mas o maior mérito de "Fabio Fabuloso" é fazê-lo sem atolar no
pântano de estereótipos que rondam um enredo desses. Em vez
disso, iluminam-se minúcias do
personagem que é Gouveia.
Numa das cenas mais divertidas
do documentário, ele recebe no
pódio um dos tantos prêmios que
ganhou na carreira. O locutor do
campeonato o chama ao microfone para dizer umas palavras.
Lembra que Fabinho não sabe falar inglês, mas insiste. O surfista
então pronuncia sons guturais,
num inglês criado ali mesmo.
Quando o filme se debruça sobre os pais de Fabinho, ficamos
sabendo que a mãe esculpe passarinhos nos chuchus com que enfeita as saladas. Trata-se de uma
informação aparentemente descartável, mas que preenche de espirituosidade as lacunas da fita.
O tom fabular da narrativa (recheada de associações entre os
personagens, hipertextos cheios
de graça), aliado à trilha de Marcos Cunha, que reúne ritmos nordestinos à eletrônica, aliviam o
exagero das seqüências de manobras e dos depoimentos elogiosos.
Entra até uma fala do mecenas
Alfio Lagnado. Mas o melhor deles, pela alegria sincera, é o do australiano Rob Page, que conta a curiosa história de "Fabio Bolívia" e
define o colega como "a linha de
surfe mais limpa já executada".
O ritmo da narração atropela
informações básicas. Não fica claro, por exemplo, que Fabinho jamais foi campeão mundial e que
sua melhor colocação no Mundial
foi um quinto lugar. Nada que
desmereça os achados do filme,
que, afinal, saiu bem melhor do
que a encomenda.
(FV)
Fabio Fabuloso
Produção: Brasil, 2004
Direção: Pedro Cezar, Ricardo Bocão e Antonio Ricardo
Com: Fabio Gouveia, Kelly Slater
Quando: em cartaz nos cines Bristol,
Unibanco Arteplex e Market Place
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