São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2006

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"Publique" recria balada ao som de PJ Harvey

Repertório da cantora britânica inspira criação da francesa Mathilde Monnier

Espetáculo da diretora do Centre Chorégraphique National de Montpellier busca a intimidade nos gestos de festas e clubes


Divulgação
Cena de "Publique", espetáculo que a coreógrafa francesa Mathilde Monnier traz ao Brasil


RAQUEL COZER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Eu não posso acreditar que a vida seja tão complexa", articula, em inglês, a voz áspera de PJ Harvey, enquanto oito garotas denotam tal opinião arrebatadas pelas batidas que saem das caixas de som. A balada acontece no palco de "Publique", que a coreógrafa francesa Mathilde Monnier apresenta hoje e amanhã no Sesc Vila Mariana.
O espetáculo foi criado em 2004 em Montpellier (cidade onde fica o Centre Chorégraphique National dirigido por Monnier), mas aquelas moças de tênis coloridos e calças jeans que aparentam entrar em êxtase com os urros da cantora poderiam ser facilmente confundidas com freqüentadoras de festas paulistanas ou cariocas -a produção será exibida também no Rio, dia 18, dentro do festival Panorama de Dança.
Esse prazer pelo gesto em si, presente em qualquer balada do mundo sem nenhuma necessidade coreográfica, foi o que Monnier resolveu transportar para o universo da arte.
"Buscamos encontrar o ponto de intimidade no espaço público, a fronteira que existe entre os dois campos. Todo mundo pode ser visto quando dança num clube, mas deixa escapar algo de muito íntimo nesse gestual", diz a coreógrafa.
Tal exposição da privacidade, acredita Monnier, não é sempre consciente. "Há vários níveis de movimentos, e você passa de um ao outro quase inconscientemente. Há momentos em que são gestos pessoais, resultantes de lembranças de vida; outros são artificiais, vindos de algo que se viu na TV."

Musa britânica
A violência e a ternura que PJ expressa em suas músicas ecoam nos gestuais de cada bailarina, todas protagonistas de seus próprios monólogos, como se a dança fosse o ponto de refúgio de cada uma delas.
A afinidade não existe apenas sobre o palco -o nome da cantora foi sugerido a Monnier pelas moças do elenco. "PJ é a imagem da mulher de hoje, que está sempre pronta. Ela cria sobre coisas que viu e viveu e que, sendo importantes para ela, acabam sendo também para o público. E é da mesma geração das bailarinas, não da minha", diz Monnier, de 47 anos.
Também foram as intérpretes que selecionaram as canções a ser coreografadas. O repertório escolhido percorre toda a discografia da cantora, incluindo hits como "Snake" (de 1993), "To Bring You My Love" (1995) e "Kamikaze" (2000).

PUBLIQUE
Quando:
hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sesc Vila Mariana - teatro (r. Pelotas, 141, tel. 5080-3000)
Quanto: de R$ 7,50 a R$ 20


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