São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

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Crítica/cinema/"Eu os Declaro Marido e... Larry!"

Comédia repete piadas sobre gays, mas com suposto viés a favor das minorias

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Em comédias, a gente ri porque alguma coisa está fora do lugar.
Charles Chaplin faz graça quando come os cadarços como se fossem espaguete, e Tony Curtis e Jack Lemmon provocam gargalhadas tentando se passar por garotas em "Quanto Mais Quente Melhor".
Por isso personagens homossexuais costumam ser fonte de piadas, na medida em que embaralham as distinções entre masculino e feminino. Ao fazê-lo, a tradição das comédias cristalizou a representação do gay como bicha louca.
"Eu os Declaro Marido e... Larry!" tenta uma variação ao brincar com o tema da heterossexualidade enrustida. Dois bombeiros se casam para assegurar que os filhos órfãos de mãe tenham direito à pensão caso o pai também lhes falte.
Apesar de explorar pela enésima vez a imagem do homossexual caricato (na figura de Ving Rhames, um grandalhão que logo que sai do armário não controla a desmunhecação), seus bons momentos vêm de outro tipo de graça.
Eles acontecem não quando Chuck (Adam Sandler) e seu parceiro Larry (Kevin James) se misturam à fauna gay, simulando os clichês de sempre. E, sim, quando Sandler, cujo personagem é um garanhão, tenta convencer a boazuda Jessica Biel de que não é hétero, fingindo aversão quando ela lhe pede para que pegue nos seus peitos.
Fora essa situação, "Eu os Declaro Marido e... Larry!" é uma sucessão das piadas grotescas de sempre e de efeitos pastelão, só que embalados num suposto discurso a favor de minorias.


EU OS DECLARO MARIDO E... LARRY!
Direção:
Dennis Dugan
Produção: EUA, 2007
Com: Adam Sandler, Kevin James
Onde: em cartaz nos cines Anália Franco, Pátio Higienópolis e circuito
Avaliação: regular


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