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Crítica/cinema/"Eu os Declaro Marido e... Larry!"
Comédia repete piadas sobre gays, mas com suposto viés a favor das minorias
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Em comédias, a gente ri
porque alguma coisa
está fora do lugar.
Charles Chaplin faz graça
quando come os cadarços como
se fossem espaguete, e Tony
Curtis e Jack Lemmon provocam gargalhadas tentando se
passar por garotas em "Quanto
Mais Quente Melhor".
Por isso personagens homossexuais costumam ser fonte de
piadas, na medida em que embaralham as distinções entre
masculino e feminino. Ao fazê-lo, a tradição das comédias cristalizou a representação do gay
como bicha louca.
"Eu os Declaro Marido e...
Larry!" tenta uma variação ao
brincar com o tema da heterossexualidade enrustida. Dois
bombeiros se casam para assegurar que os filhos órfãos de
mãe tenham direito à pensão
caso o pai também lhes falte.
Apesar de explorar pela enésima vez a imagem do homossexual caricato (na figura de
Ving Rhames, um grandalhão
que logo que sai do armário não
controla a desmunhecação),
seus bons momentos vêm de
outro tipo de graça.
Eles acontecem não quando
Chuck (Adam Sandler) e seu
parceiro Larry (Kevin James)
se misturam à fauna gay, simulando os clichês de sempre. E,
sim, quando Sandler, cujo personagem é um garanhão, tenta
convencer a boazuda Jessica
Biel de que não é hétero, fingindo aversão quando ela lhe pede
para que pegue nos seus peitos.
Fora essa situação, "Eu os
Declaro Marido e... Larry!" é
uma sucessão das piadas grotescas de sempre e de efeitos
pastelão, só que embalados
num suposto discurso a favor
de minorias.
EU OS DECLARO MARIDO E...
LARRY!
Direção: Dennis Dugan
Produção: EUA, 2007
Com: Adam Sandler, Kevin James
Onde: em cartaz nos cines Anália
Franco, Pátio Higienópolis e circuito
Avaliação: regular
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