"Ars Brevis", no MAC-USP, é a primeira individual do artista em um museu

Divulgação

Obra de 1976 de Bruscky da série "Autum Radium Retratum"

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Profícuo artista conceitual, organizador de importantes exposições e conexão do grupo Fluxus no Brasil. A ficha de Paulo Bruscky, 58, é extensa e, até agora, permanecia sem registros. Mas um livro e uma exposição, em cartaz no MAC-USP, em São Paulo, finalmente inscrevem o pernambucano nos autos das artes plásticas.
"Paulo Bruscky - Arte, Arquivo e Utopia" (Cia. Editora de Pernambuco, 271 págs., R$ 100) é assinado pela pesquisadora Cristina Freire. É dela também a curadoria de "Ars Brevis" -primeira individual do artista em um museu. Não é à toa que o Museu de Arte Contemporânea (MAC) realiza a exposição. A instituição foi fundamental em sua trajetória.
Em 1968, um desenho de Bruscky foi selecionado para um projeto do museu, dirigido na época por Walter Zanini. "Escrevi para o Zanini dizendo que estava tudo ótimo, mas que o desenho tinha saído de ponta-cabeça", conta Bruscky.
Começou assim a correspondência entre os dois, que rendeu ao MAC um significativo acervo de arte postal de Bruscky. Foi nessa época que o artista começou a troca com os grupos Fluxus e Gutai. Em 1998, Freire pesquisava sobre arte conceitual no MAC e encontrou os postais de Bruscky. Ficou intrigada, já que não havia nenhuma bibliografia sobre ele. Iniciou uma investigação que deu origem ao livro.
Bruscky -que só recentemente vendeu obras para instituições, o MAM-SP e o Itaú Cultural- se mantinha graças ao emprego no hospital Agamenon Magalhães. "Na obra dele, não há separação entre arte e vida. Dentro do hospital, ele subvertia o cotidiano", explica a curadora, que selecionou obras dessa época no núcleo Hospital-Estúdio.