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Crítica/artes
Com atuação simplista, Yoko Ono cria performance constrangedora
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A
ótima exposição que será inaugurada hoje,
"Yoko Ono, uma Retrospectiva", no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, e mesmo a carreira da própria artista, uma das pioneiras
da arte conceitual, parecem
muito deslocadas em relação ao
que foi visto anteontem, no
Teatro Municipal, em "Uma
Noite com Yoko Ono".
Enquanto no CCBB estão algumas peças históricas, como
as "Instruções", e mesmo trabalhos recentes bastante significativos, a performance da última quinta foi de um simplismo estarrecedor.
Com um terno branco, Yoko
entrou no palco e imediatamente tirou a roupa, revelando
um conjunto de bermuda e camisa pretas. Contudo, uma
ação que pretendia-se simbólica, como mudar a roupa glamourosa para outra escura e
simples, foi vazia.
Em seguida, Yoko atravessou
a moldura de um espelho, sem
ele, que estava sobre um pequeno tablado coberto de tapetes.
Mais uma ação de simbolismo
frágil, como as várias que se repetiriam ao longo dos 55 minutos do espetáculo: entrar com o
rosto coberto por um saco preto, arrastar-se dentro de um saco branco...
Às vezes, uma nostalgia profunda era vislumbrada, especialmente pelas imagens projetadas no imenso telão, como as
de John Lennon, seja com o filho Sean, seja em manifestações de protesto.
Foi com os trabalhos daquele
período, aliás, que o espetáculo
teve alguns bons momentos.
"Freedom" (1970), um vídeo tipicamente feminista, de uma
mulher que se debate para tirar
o sutiã, com trilha de John Lennon, ao menos trazia um caráter histórico importante na vida da artista. Mas momentos
assim foram raros.
Pior foi o final, quando o grupo de músicos que acompanhou a artista -ela cantou bastante, passou a tocar samba,
provocando passos desequilibrados. Poderia ser charmoso,
mas apenas culminou o roteiro
de constrangimentos da noite.
Ao final, Yoko arrancou muitos
aplausos, como, aliás, já havia
conseguido cada vez que entrava ou saía do palco. Afinal, era
mito que o público queria e para quem quer mito, a mera presença já é suficiente, mesmo
que embaraçosa.
Avaliação (performance): ruim
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