São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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ARTES PLÁSTICAS

Paulo Pasta, Dudi Maia Rosa e Rosângela Rennó expõem no CCSP

Veteranos armam novos experimentos em mostra

Divulgação
A obra "Moscou", foto da agência Reuters trabalhada por Rennó


ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Pasta, Dudi Maia Rosa e Rosângela Rennó ocupam, a partir de hoje, como convidados, seus espaços na 3ª Mostra do Programa Anual de Exposições do Centro Cultural São Paulo.
Para receber sete novos artistas selecionados, os veteranos armaram, cada um, seu pequeno próprio espaço com novos experimentos dentro de suas obras.
Pasta, 45, trabalhando limites tênues entre cores e espaços, procura "criar diferença sem contraste ou contraste sem fazer muita diferença". Ao mesmo tempo, ele experimenta limites de seu próprio trabalho -mostra seu quadro mais escuro, sua pintura mais clara e ainda o maior trabalho que já realizou. "Não consigo pintar sem desconfiar do que estou pintando", confessa. "Minha busca é para incorporar o presente, mas desconfiando dele."
Nas obras de Pasta, pode ser observado também o nascimento de um fino "rodapé", uma faixa de cor mais diluída que começa a ganhar espaço na pintura do artista. "É uma espécie de respiradouro", diz Pasta, que já antevê o crescimento do caçula da sua pintura.
No mesmo espaço, Dudi Maia Rosa exibe parte de uma série que também tem exemplares na galeria Brito Cimino. Com obras realizadas sobre resina poliéster e fibra de vidro, Dudi evidencia suas marcas através do suporte.
Em comparação com as obras expostas na Brito Cimino, o artista diz que, por serem anteriores àquelas, os trabalhos mostrados no CCSP trazem "questões mais em efervescência, enquanto os da galeria são mais decantados". Em sua "pintura não-pintura", em que as cores ficam "presas" por trás do gesto do celofane sobre a resina, há uma profunda diferença entre os trabalhos. "A diversidade é uma realidade da exposição", explica. "A unidade é dada pelo material, pelo procedimento, não é uma unidade temática."
O resultado desse procedimento resina/celofane/cores é a realização de formas que às vezes nascem com uma intervenção mínima do artista, já que o "repuxo" do material imprime certa "independência" ao trabalho. "Eles pervertem um pouco a ordem da pintura", diz Dudi.
Rosângela Rennó mostra alguns integrantes da série "Corpo e Alma", em que reproduz fotos de jornais e agências de notícias impressas em chapas de aço inoxidável. A essas, que já foram mostradas no Rio e em Brasília, Rennó adiciona seis novas imagens em plotagens que vão ser aplicadas diretamente às paredes.
"Quando comecei o projeto, queria desenvolver imagens que não tivessem suporte fotográfico", diz Rennó. "Fiquei entusiasmada com as possibilidades do inox. É um material sólido e perene que produz uma imagem muito volátil."
Nas imagens, pessoas em manifestações em diversas cidades e épocas mundo afora carregam fotos de outras pessoas. "É uma imagem recorrente. A fotografia salva da morte simbólica."
Além dos três artistas convidados, a mostra tem os selecionados Amália Jacomini, Bernardo Pinheiro, Daniella Martini, Felipe Barbosa, Rodrigo Matheus, Rosana Ricalde e Vitor Cesar.
Também é aberto o projeto Linha Imaginária, com a exposição "Ciclo", de 13 artistas de várias nacionalidades que estabelecem diálogo entre suas experimentações.

3ª MOSTRA DO PROGRAMA ANUAL DE EXPOSIÇÕES E LINHA IMAGINÁRIA. Onde: CCSP (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3277-3611, ramal 221). Quando: abertura hoje, às 19h; de ter. a sex., das 10h às 20h; e sáb., das 10h às 18h; até 26/9. Quanto: entrada franca.


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