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Antonio Banderas com Morgan Freeman em "Jogo Entre Ladrões"

RICARDO CALIL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Lá pelo meio de "Jogo Entre Ladrões", os protagonistas (Morgan Freeman e Antonio Banderas) revelam que não são apenas assaltantes sofisticados mas também cinéfilos enrustidos. Em determinada cena, citam os filmes "Rififi" (1955) e "Topkapi" (1964), do norte-americano Jules Dassin (1911-2008).
Feita supostamente para dar verniz intelectual à obra, a referência tem efeito desastroso, reforçando o abismo entre os dois clássicos do filme de assalto e a nova produção -que tenta se filiar à elite desse subgênero do filme de ação. Não se trata de saudosismo. Há belos exemplares recentes na categoria, como "O Plano Perfeito", de Spike Lee, ou a trilogia de "Onze Homens e um Segredo", de Steven Soderbergh. Mas esses filmes contavam com diretores de primeira linha, atores no auge e um desejo de acrescentar ideias novas às fórmulas estabelecidas.
Já "Jogo..." tem na direção a burocrática Mimi Leder ("Impacto Profundo") e dois protagonistas que já tiveram seus momentos de glória, mas cuja presença em filmes como este nos faz questionar se deveriam demitir seus agentes. Pior, a produção aposta na repetição de elementos consagrados para atrair o interesse do público. Portanto, temos novamente Freeman em seu modo professoral, deitando regra com a melhor impostação de voz de Hollywood. E Banderas esbanjando seu charme latino e, a cada cena, parecendo recém-saído de um ofurô de brilhantina.
Os dois interpretam rivais que se unem para roubar uma joalheria de Nova York. Existe, é claro, uma "femme fatale" (Radha Mitchell), afilhada de Ripley por quem Martin se apaixona. E há, no final, a aguardada reviravolta. "Jogo..." não cumpre o objetivo de entrar para a nobreza dos filmes de assalto. Mas poderia pertencer a outro subgênero cinematográfico: o conhecido como "direto para DVD".