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Solo cruza os sentidos da palavra em Lorca
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca
(1898-1936) gostava de ir a público. Suas conferências transcendiam formalidades. Ao vivo,
lançava palavras para cruzar
sentidos. Pedia à audiência para recolher a visão em favor da
escuta e do cheiro. Foi o que fez
na conversa batizada "Como
Canta uma Cidade de Novembro a Novembro" (1933), proferida três anos antes de seu assassinato, na Granada natal.
Aquela conferência é entrecortada por poemas, cartas,
canções, reminiscências da infância e outras variantes do
dramaturgo no espetáculo "Federico García Lorca: Pequeno
Poema Infinito", produção carioca de 2007 que estréia hoje
no Sesc Pinheiros.
O solo do ator José Mauro
Brant, sob direção de Antonio
Gilberto, quer fazer jus a essa
sinestesia textual. É o escritor
quem está em cena, narrando
memórias de si e de sua cidade,
com ênfase na descrição das estações do ano, que traduziam o
espírito daquela gente da Andaluzia, no sul da Espanha.
Conceitualmente, o espetáculo se aproxima da linguagem
das narrações. "É um encontro
despojado, que reconhece a
presença do público e busca interlocução com ele", diz Brant,
36, que também toca piano e
canta o folclore musical rememorado por Lorca. "Nenhuma
palavra do roteiro foi inventada. Todas derivam de Lorca",
diz Gilberto, 51.
FEDERICO GARCÍA LORCA: PEQUENO POEMA INFINITO
Quando: sex., 21h; sáb., 19h30; até 3/5
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme,
195, Pinheiros, tel. 3095-9400)
Quanto: R$ 5 a R$ 10
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