São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004

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MÚSICA

Acompanhado por baixista e baterista, DJ é primeira atração do evento, que terá ainda o alemão Le Hammond Inferno

"Encorpado", Marky inicia o festival 3Hype

Divulgação
A dupla alemã Le Hammond Inferno


THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Marky já conquistou muita coisa na vida, mas ainda quer mais. "Quinta-feira começa um novo plano", disse ele, anteontem, à Folha. Essa quinta-feira é hoje, quando ele inaugura a terceira edição do festival de vanguarda 3Hype, no Sesc Pompéia.
Esse plano passa também pelas mãos de Xerxes, do projeto XRS. Parceiros antigos, os dois e seus samplers e toca-discos se apresentam no evento com "drum" e "bass" diferentes. Eles estarão acompanhados por dois músicos: um baterista (Kuki Stolarski) e um baixista (Mario Cesar Andreotti). (Em shows anteriores da dupla, a banda era formada por apenas violão e teclado.)
"Nossa idéia é tornar o som ainda mais encorpado, vivo e pulsante", afirma Marky. "Os arranjos mudam, a dinâmica muda e o conceito muda um pouco."
Para o DJ e produtor, que lançou há pouco, também em parceria com Xerxes, seu primeiro disco, "In Rotation", o d'n'b no Brasil ainda é pouco associado com músicos, num palco.
"O drum'n'bass tocado ao vivo ainda é pouco explorado. O brasileiro já tem uma certa familiaridade com os "broken beats" [batidas quebradas], então essa outra roupagem para o som promete uma reação nova na gente e no público. Encontramos uma forma de entregar ainda mais energia ao nosso público. Acho que a releitura de uma música que originalmente foi composta por meio de samplers é uma coisa legal", diz.
E cita exemplos: "Há alguns dias escutei um CD do [grupo] Vitrola Estereofônica em que eles tocavam "Brown Paper Bag", do [produtor inglês] Roni Size, com instrumentos e achei demais. Talvez seja uma tendência que está pintando. Essa sobreposição de sons soa realmente especial".
Com disco lançado, música ("LK") que chegou alto na parada britânica de single, agenda cheia, com apresentações no mundo inteiro, Marky ainda não sossegou profissionalmente.
"Faltam coisas, sim. Ainda não cheguei aonde espero chegar. O lançamento do meu selo, Inneground Records, foi um degrau grande que consegui subir. Teremos mais meios de lançar artistas e transmitir coisas novas aos fãs de d'n'b. Mas ainda quero lançar muitos discos, remixar muita gente e produzir coisas em parcerias. Acredito muito na parceria artística. Acho que a imagem e a função do DJ/produtor vai mudar e ganhar novos cenários no futuro. Tenho planos, mas preciso ir tocando um de cada vez."

Alemanha
Hoje é dia de Marky e Xerxes. Na quarta que vem, é a vez dos alemães Le Hammond Inferno.
É a primeira vez que Holger Beier e Marcus Liesenfeld tocam no Brasil. Casado com uma brasileira, Beier esteve por aqui em 2003, promovendo sua gravadora, Bungalow, e tocando como DJ.
Com o Le Hammond Inferno, promovem uma mistura de ritmos (house, pop, rock, electro).
"A música é como o nosso selo: há estilos diferentes que incorporamos no nosso som. É interessante ter coisas que quebram um ritmo. A especialização é muito monótona", diz Beier, 37.
"No fundo, é tudo pop. Mas a nossa definição de pop é bem distante do pop mainstream, como Britney Spears. [O Le Hammond Inferno] Está entre Blur e Phoenix, ou entre Beach Boys e Pizzicato Five. Queremos que as pessoas enlouqueçam, e música sem charme não agrada."
Para o show, eles utilizam samplers, laptops, bateria eletrônica e, "talvez", uma guitarra.


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