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MOSTRA
A Sala Cinemateca Folha promove evento que reúne trabalhos da geração recente de cineastas da França
Novíssimo cinema francês chega a SP
PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha
O novo cinema francês está em
São Paulo. Ou melhor, o novíssimo. A Sala Cinemateca Folha promove a mostra "Jovem Cinema
Francês", com os filmes de estréia
de cineastas franceses, produzidos
em 1995 e 1996.
Esse ciclo tem algo de diferente
em relação aos outros promovidos
pela mesma Cinemateca. No lançamento de hoje, na "Grande
Noitada do Jovem Cinema Francês", serão passados os cinco filmes programados.
É uma boa chance de "matar"
todas as obras num dia só. Para isso, o espectador terá de ficar das
19h até às 3h50 de domingo.
Os filmes
"Inventário", filme de
Jean-François Richet rodado em
95, conta a história de um rapaz do
subúrbio refratário à capital, ao
centro de Paris.
Ele faz parte de uma minoria que
rejeita a idéia de, diariamente, sair
de suas casas e atravessar a cidade
para trabalhar no centro.
O personagem Pierre Cephas,
consciente de sua condição social,
enfrenta a polícia e os patrões. Seu
refúgio são os amigos e a família.
Esse aspecto é o que diferencia
este filme de "O Ódio", também
em preto-e-branco.
Mais radical no discurso, o filme
de Mathieu Kassovitz é violento
sem perder a contundência.
Já a diretora Christine Carrière
apoiou-se no retrato estritamente
psicológico de seus personagens
em "Rosine", de 1995.
A menina do título tem uma forte ligação com sua mãe. A volta de
seu pai para casa, após anos de ausência, desequilibra a relação entre elas.
Ele tenta reconquistar mulher e
filha, mas não consegue, tamanha
a ligação entre as duas.
E "Esqueça-Me" (1995), de
Noémie Lvovsky, é um filme sobre
os desajustes humanos, em que
uma jovem é apaixonada por um
homem que a despreza.
Outra pessoa, interessada nela,
recebe como resposta seu desprezo.
A obra fala de muitas outras pessoas, todas inseguras, solitárias e
infelizes. E tudo redunda em brigas.
Anne Fontaine está representada
com "Augustin" (1995). Seria interessante, também, mostrar seu
"Lavagem a Seco" (1997), que ganhou o prêmio de melhor roteiro
no 54º Festival de Veneza.
Augustin é um benevolente cidadão francês, que ajuda a todos. Tímido, um dia recebe convite para
trabalhar num filme.
"A Idade do Possível" é o único
filme de 96. Pascale Ferran, revelação em Cannes, conta a história de
dez rapazes e moças, suas desilusões, amores, trabalho e política,
mas também falta de convicção.
Tema bem em voga neste cinema
francês atual.
Herança
O espectador pode fazer uma
análise de como anda o cinema
francês. Talvez seja difícil definir
qual sua linha estilística e narrativa, mas é evidente que este novo
cinema francês ainda luta contra o
cinema comercial ao estilo Hollywood ao mesmo tempo em que
procura a herança da nouvelle vague de François Truffaut,
Jean-Luc Godard e Alain Resnais.
Fica no meio do caminho e isso,
por vezes, afasta o público, temeroso de uma narrativa "cinemanovista", "difícil" e que opta pelo cinemão americano. A mostra
da Cinemateca pode evidenciar
um pouco a proposta deste cinema.
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