São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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Peter Murphy, o "chefão gótico", se apresenta em SP

Pela primeira vez no Brasil, vocalista do Bauhaus faz show hoje em que relembra carreira solo e apresenta inéditas

Convertido ao islamismo, cantor diz que sua música ficou mais variada e não se prende ao rótulo "gótico'; disco novo sai neste ano

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos anos 80 ele foi uma espécie de Darth Vader da música pop, encorajando vários jovens a encontrarem seus lados sombrios. Desde que entrou em cena, à frente da banda Bauhaus, Peter Murphy, 51, já teve várias alcunhas, de "padrinho do gótico" a "sub-David Bowie". Agora esse inglês se apresenta pela primeira vez no Brasil.
"Não é um problema ser lembrado até hoje como "padrinho do gótico'", diz o cantor. "Mas é um clichê que está velho. Hoje em dia minha música é extremamente diversificada, com elementos mais melódicos e até orquestrais, sem deixar de lado o pop e o rock. Por outro lado, é bom ter esse reconhecimento, mas obviamente não me identifico com isso."
Usando o nome da lendária escola alemã de arquitetura e design, o grupo, inicialmente Bauhaus 1919, não escondia suas pretensões artísticas. Formado em 1978 em Northampton, lançou as bases do rock gótico, ao desacelerar o andamento da sonoridade punk, acrescentando efeitos climáticos e muita teatralidade em shows, influenciados por filmes de terror. Logo Murphy se tornou o centro das atenções, começando aí os desentendimentos com os outros integrantes.
Artistas atuais de estilos díspares, como Nine Inch Nails, Marilyn Manson, Smashing Pumpkins ou mesmo a turma emo do My Chemical Romance devem algo ao grupo inglês.
"Não vou ficar ofendido se me pedirem músicas do Bauhaus no show. Aliás, isso é esperado, não?", pergunta o cantor. Segundo ele, o set list muda a cada noite, mas "She's in Parties" e "Black Stone Heart", música recente, da breve reunião do Bauhaus no ano passado, são presenças quase certas.
O show de hoje faz parte de uma turnê de retrospectiva da carreira solo do cantor, antes que ele finalize seu novo disco, previsto para este ano. Segundo ele, o trabalho tentará capturar o espírito de performance da banda com que vem tocando desde 2005 e terá músicas "épicas, melódicas e com leves elementos eletrônicos".
Após sair do Bauhaus, em 1983, Murphy montou outro grupo, o Dali's Car, mas preferiu a carreira solo. O disco mais conhecido do público brasileiro é o segundo, "Love Hysteria" (1988), que rendeu os semi-hits "All Night Long" e "Indigo Eyes". "Cuts You Up", de "Deep" (1990), ápice de Murphy, ficou no topo da parada alternativa da Billboard na época. Nas faixas de "Dust" (2002), Murphy explicita influências da Turquia, onde vive há mais de uma década com a família após se converter ao islamismo. São músicas que resumem o artista, com canções de apelo mais pop, mas ainda assim com nuvens negras.


PETER MURPHY Quando: hoje, às 22h
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, tel. 3188-4148)
Quanto: de R$ 120 a R$ 250
Classificação: não indicado a menores de 12 anos



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