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Peter Murphy, o "chefão gótico", se apresenta em SP
Pela primeira vez no Brasil, vocalista do Bauhaus faz show hoje em que relembra carreira solo e apresenta inéditas
Convertido ao islamismo, cantor diz que sua música ficou mais variada e não se prende ao rótulo "gótico'; disco novo sai neste ano
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos anos 80 ele foi uma espécie de Darth Vader da música
pop, encorajando vários jovens
a encontrarem seus lados sombrios. Desde que entrou em cena, à frente da banda Bauhaus,
Peter Murphy, 51, já teve várias
alcunhas, de "padrinho do gótico" a "sub-David Bowie". Agora
esse inglês se apresenta pela
primeira vez no Brasil.
"Não é um problema ser lembrado até hoje como "padrinho
do gótico'", diz o cantor. "Mas é
um clichê que está velho. Hoje
em dia minha música é extremamente diversificada, com
elementos mais melódicos e
até orquestrais, sem deixar de
lado o pop e o rock. Por outro
lado, é bom ter esse reconhecimento, mas obviamente não
me identifico com isso."
Usando o nome da lendária
escola alemã de arquitetura e
design, o grupo, inicialmente
Bauhaus 1919, não escondia
suas pretensões artísticas. Formado em 1978 em Northampton, lançou as bases do rock gótico, ao desacelerar o andamento da sonoridade punk, acrescentando efeitos climáticos e
muita teatralidade em shows,
influenciados por filmes de terror. Logo Murphy se tornou o
centro das atenções, começando aí os desentendimentos com
os outros integrantes.
Artistas atuais de estilos díspares, como Nine Inch Nails,
Marilyn Manson, Smashing
Pumpkins ou mesmo a turma
emo do My Chemical Romance
devem algo ao grupo inglês.
"Não vou ficar ofendido se
me pedirem músicas do Bauhaus no show. Aliás, isso é esperado, não?", pergunta o cantor.
Segundo ele, o set list muda a
cada noite, mas "She's in Parties" e "Black Stone Heart",
música recente, da breve reunião do Bauhaus no ano passado, são presenças quase certas.
O show de hoje faz parte de
uma turnê de retrospectiva da
carreira solo do cantor, antes
que ele finalize seu novo disco,
previsto para este ano. Segundo
ele, o trabalho tentará capturar
o espírito de performance da
banda com que vem tocando
desde 2005 e terá músicas "épicas, melódicas e com leves elementos eletrônicos".
Após sair do Bauhaus, em
1983, Murphy montou outro
grupo, o Dali's Car, mas preferiu a carreira solo. O disco mais
conhecido do público brasileiro
é o segundo, "Love Hysteria"
(1988), que rendeu os semi-hits
"All Night Long" e "Indigo
Eyes". "Cuts You Up", de
"Deep" (1990), ápice de
Murphy, ficou no topo da parada alternativa da Billboard na
época. Nas faixas de "Dust"
(2002), Murphy explicita influências da Turquia, onde vive
há mais de uma década com a
família após se converter ao islamismo. São músicas que resumem o artista, com canções
de apelo mais pop, mas ainda
assim com nuvens negras.
PETER MURPHY
Quando: hoje, às 22h
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, tel. 3188-4148)
Quanto: de R$ 120 a R$ 250
Classificação: não indicado a menores de 12 anos
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