São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2009

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Crítica/"Sexta-Feira 13"

Perto dos novos psicopatas do cinema, o facão de Jason não faz mais nem cócegas

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Oba! O retorno de Jason quer dizer que teremos mais e melhores sustos? Esqueça! Em sua 12ª aparição, o vilão da série "Sexta-Feira 13" não consegue apavorar mais nem as criancinhas.
Inspirados no protagonista da franquia, um serial killer que ataca incautos jovens que querem apenas se divertir no acampamento de Cristal Lake, os produtores da série fazem o coitado retornar livre da numeração que tinha transformado seus ataques mais em motivo de piada do que de medo.
Lançado em 1980 pelo diretor Sean S. Cunningham, o psicopata vinha na cola de outro matador, o Michael Myers de "Halloween", também capaz de inúmeras ressurreições.
E Jason fez fama sobretudo entre o público adolescente (suas vítimas favoritas, aliás), que vibrava com as mortes entre um gole de refrigerante e um punhado de pipoca. Depois de mais de uma dezena de títulos, Jason não chegou a perder o interesse de seu público, que se concentra basicamente na repetição. Ele acabou sendo substituído por maníacos muitos mais ferozes, capazes de dar a esses espectadores aquilo que mais querem: sangue, em doses cada vez mais absurdas.
Nem mesmo os criadores de Jason pareciam mais acreditar nele, após tantos retornos. A certa altura, o coitado teve até de enfrentar Freddy Krueger (um de seus piores concorrentes, muito mais interessante).
Agora, ele volta de cara limpa (não demora a encontrar a famosa máscara) e pronto para atacar aos montes. Mas o problema é que o status de cult da série original já não satisfaz mais ninguém, nem mesmo aqueles que adoravam o Jason dos anos 80. Esses monstros tinham apelo trash, e a graça em torno deles tem mais a ver com tosquice do que com qualidade e até mesmo com medo.
Então não adianta acreditar que Jason voltou mais feroz ou que suas vítimas são garotas mais gostosas ou caras mais aborígenes. O psicopata de Cristal Lake já era. Foi substituído por gente como Jigsaw, da série "Jogos Mortais", ou pelas atrocidades de "O Albergue". Perto deles, o facão de Jason não faz mais nem cócegas.


Avaliação: ruim


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