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Crítica/"Sexta-Feira 13"
Perto dos novos psicopatas do cinema, o facão de Jason não faz mais nem cócegas
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
Oba! O retorno de Jason
quer dizer que teremos
mais e melhores sustos? Esqueça! Em sua 12ª aparição, o vilão da série "Sexta-Feira 13" não consegue apavorar
mais nem as criancinhas.
Inspirados no protagonista
da franquia, um serial killer que
ataca incautos jovens que querem apenas se divertir no
acampamento de Cristal Lake,
os produtores da série fazem o
coitado retornar livre da numeração que tinha transformado
seus ataques mais em motivo
de piada do que de medo.
Lançado em 1980 pelo diretor Sean S. Cunningham, o psicopata vinha na cola de outro
matador, o Michael Myers de
"Halloween", também capaz de
inúmeras ressurreições.
E Jason fez fama sobretudo
entre o público adolescente
(suas vítimas favoritas, aliás),
que vibrava com as mortes entre um gole de refrigerante e
um punhado de pipoca. Depois
de mais de uma dezena de títulos, Jason não chegou a perder
o interesse de seu público, que
se concentra basicamente na
repetição. Ele acabou sendo
substituído por maníacos muitos mais ferozes, capazes de dar
a esses espectadores aquilo que
mais querem: sangue, em doses
cada vez mais absurdas.
Nem mesmo os criadores de
Jason pareciam mais acreditar
nele, após tantos retornos. A
certa altura, o coitado teve até
de enfrentar Freddy Krueger
(um de seus piores concorrentes, muito mais interessante).
Agora, ele volta de cara limpa
(não demora a encontrar a famosa máscara) e pronto para
atacar aos montes. Mas o problema é que o status de cult da
série original já não satisfaz
mais ninguém, nem mesmo
aqueles que adoravam o Jason
dos anos 80. Esses monstros tinham apelo trash, e a graça em
torno deles tem mais a ver com
tosquice do que com qualidade
e até mesmo com medo.
Então não adianta acreditar
que Jason voltou mais feroz ou
que suas vítimas são garotas
mais gostosas ou caras mais
aborígenes. O psicopata de
Cristal Lake já era. Foi substituído por gente como Jigsaw,
da série "Jogos Mortais", ou pelas atrocidades de "O Albergue". Perto deles, o facão de Jason não faz mais nem cócegas.
Avaliação: ruim
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