São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008

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Crítica/artes plásticas

Retrospectiva de Torimoto no Masp destaca obras publicitárias e midiáticas

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos anos 1990, a performance, uma das mais radicais expressões das artes plásticas, ganhou uma geração de artistas que criou ações vazias, mas com imagens contundentes.
O norte-americano Spencer Tunick, com seus amontoados de corpos desnudos, e a italiana Vanessa Beecroft, com suas modelos também nuas em cenários deslumbrantes, são os artistas mais renomados dessa variação, que trocou o experimentalismo visceral, como o dos artistas que se mutilavam nos anos 60, para uma estética de fácil consumo.
Esse também é o caso do japonês Tatsumi Orimoto, cujo conjunto da obra pode ser visto na retrospectiva que entrou em cartaz no Museu de Arte de São Paulo (Masp) na última sexta-feira, com curadoria de Tereza de Arruda.
Os trabalhos mais radicais na retrospectiva são aqueles da década de 70, que se aproximam muito da forma como membros do Fluxus -grupo que influenciou o artista japonês- exploravam a relação do corpo com o espaço e a arquitetura.

Pães e Alzheimer
Entretanto, os trabalhos que vão lhe trazer projeção são as duas séries dos anos 90: "Bread Man" (o homem pão), na qual o artista e outras pessoas estão sempre com vários pães amarrados no rosto, e "Art Mama" (mamãe arte), registros dos mais variados de sua mãe, vítima de Alzheimer.
Em "Bread Man", ao contrário do que se costuma fazer nas performances, que é usar o pão enquanto pão, Orimoto centra-se em seu valor um tanto surreal, do homem com cabeça de pão, esvaziando outros significados, tornando-o mero efeito publicitário. A mãe, transformada em mascote, segue na mesma linha.
Nessas duas séries há uma grande sintonia com os trabalhos de Tunick e Beecroft: são eventos midiáticos, que tendem à espetacularização e, ao mesmo tempo, fazem da fotografia seu fim, em detrimento da ação em si.


TATSUMI ORIMOTO - RETROSPECTIVA
Quando:
de ter. a dom., das 10h às 18h; qui., das 10h às 20h; até 10/2
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel. 3251-5644)
Quanto: R$ 15; entrada franca às terças-feiras
Avaliação: regular


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