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LITERATURA
Festa que celebra romance "Ulisses", todo passado em 16/6/1904, tem edição especial com concurso de fantasias
SP se veste de Joyce para 100º "diablum"
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se por acaso você cruzar com
homens e mulheres de chapéu-coco, luvas, gargantilhas, fraques,
bengalas e outros acessórios de algum século passado caminhando
no começo da noite pelo bairro
paulistano de Pinheiros, isto não é
São Paulo Fashion Week.
Para celebrar uma data muito
importante no calendário da ficção -ou no calendário fictício-,
a cidade terá sua primeira edição
do Concurso de Casais Caracterizados como Joyce & Nora ou
Bloom & Molly.
Traduzindo: o livro mais celebrado da literatura moderna, o
"Ulisses", de James Joyce, foi publicado em 1922, mas todas as 800
e tantas páginas são ambientadas
no dia 16 de junho de 1904.
Todos os anos, comunidades literárias mundo afora celebram o
16º dia junino, o Bloomsday, homenagem ao personagem de
"Ulisses" Leopold Bloom.
Em São Paulo, a festa acontece
há 17 anos, sempre no bar Finnegan's Pub. Para a comemoração
do centenário do dia em que se
passa o romance -que na vida
real de Joyce foi a data em que ele
e sua musa, Nora, se "conheceram"-, o programa cresceu.
O concurso de roupas -que dá
ao melhor Leopold Bloom e à melhor Molly (seu "par" em "Ulisses") um litro do uísque irlandês
Jameson e uma série de publicações comemorativas do Bloomsday paulistano- não é a única
novidade do evento neste ano.
Pela primeira vez a celebração
paulistana de Bloom não terá a
presença de um de seus criadores,
o poeta, ensaísta e "transcriador"
Haroldo de Campos.
Em homenagem ao concretista,
a outra organizadora original do
"diablum", a professora da USP
Munira Mutran, e o outro coordenador atual, o poeta e editor Marcelo Tápia, escalaram leituras de
textos de Campos e de um fragmento de uma tradução que ele
fez de "Ulisses" (que ganha vida
com uma "habitué" do "sampabloom", a atriz Bete Coelho).
Outra das marcas do evento, atividade também relacionada a
Campos (e à paixão de Joyce pelas
línguas), foi reforçada: a leitura do
mesmo trecho do romance joyceano em diversos idiomas
-desta vez serão 12. A voz do
próprio Haroldo estará presente
também, com gravação de leitura
feita por ele de trechos que traduziu de "Finnegans Wake".
Por fim, teatro, música irlandesa, fotos de Dublin e bebida em
cascata. No ano passado mais de
600 pessoas se aglomeraram no
pub. Desta vez, outras centenas
deverão "responder" à pergunta
que Joyce lançou em 16 de junho
de 1924: "Será que alguém se lembrará deste dia?".
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