|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DANÇA
Peça mostra tradição indiana
Odissi expõe filosofia através do movimento
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
Estréia hoje "Odissi - Dança
Tradicional Indiana", com a bailarina Sharon Lowen, no teatro
Augusta. Profano e divino estão
lado a lado na cena, onde expressão dramática e movimento se
combinam, "deixando vir à tona
uma consciência espiritual que
permite surgirem verdades acessíveis a todos", como disse Lowen
em entrevista exclusiva à Folha.
Nessa visita à cidade, além do
espetáculo, a bailarina Lowen dará uma palestra-demonstração
dos estilos indianos odissi, manipuri e chhau e alguns workshops.
Lowen, nascida nos Estados
Unidos em 1949, está hoje radicada na Índia. Estudou dança clássica e moderna e iniciou seus estudos de dança manipuri em 1969
nos EUA. Depois de concluir o
mestrado na Universidade de Michigan, continuou seus estudos
em Delhi. Em 1975, começou a estudar odissi com o guru Vibhushan Padma Kelucharam Mohapatra e Chhau com o guru Krishna Chandra Naik. Sua vida foi tema do filme "Swarna Kamalam"
("Lótus de Ouro", 1998) e a Central Television inglesa fez um documentário sobre sua vida:
"Odyssey in Odissi".
Lowen segue a tradição de Kelucharam Mohapatra: "Como em
todas as artes, o essencial é o contexto e não a forma; mas é a forma
que nos permite atingir a essência. A dança expõe uma filosofia
através do corpo e suas possibilidades de expressão".
Aqui, o espetáculo divide-se em
cinco partes, com coreografias da
própria Lowen e de Mohapatra,
alternando danças narrativas
com danças "puras". Serão somente danças do estilo odissi,
pois "é necessário criar uma unidade". No odissi, "você tem a figura de um S. A posição triangular básica é caracterizada por três
curvas fundamentais: do pescoço,
do torso e do joelho. Explora-se a
suavidade no torso e muitas expressões de rosto. O pé bate no
chão, integrado à música".
Há toda uma simbologia nos
trajes e nas pinturas corporais: "O
olho deve ter formato de peixe,
que é um símbolo de beleza. A
mão pode ser pintada somente de
vermelho, como uma flor etc. O
vermelho é uma cor auspiciosa
-é a vida, o sangue- e facilita a
visualização dos movimentos".
O espetáculo abre com "Padma
Patra Mangalacharam", uma homenagem a Jagannath, "senhor
do universo e a personificação da
paz"; depois vem "Kumara Sambhavanam", interpretação rítmica e visual do poema de Kalidas
(séc. 2 a.C.) que descreve o casamento de Shiva com Parvati. "Taranga Pallavi" é uma peça do ritmo, da melodia e do movimento;
"Sakhi He Mathanam Udaram"
interpreta o poema sânscrito
"Geeta Govinda", do poeta Jayadeva (séc. 12), no qual o amor é
usado como metáfora para a
compreensão do divino.
Para finalizar, "Moksha", que
trabalha a união intelectual e espiritual, a morte e o renascimento.
Temas clássicos das danças da Índia, que vivem não da constante
novidade, mas da iluminada variação da constância.
ODISSI - DANÇA TRADICIONAL
INDIANA. Onde: teatro Augusta (r.
Augusta, 943, tel. 3151-4141). Quando:
hoje e amanhã, às 21h. Quanto: de R$ 10
a R$ 20. Workshop: dias 18 e 19/6, no
Prema - Yoga e Dança Indiana (r. Maria
Figueiredo, 189, tel. 3283-0884).
Palestra demonstração: 21/6, às 15h30,
na Universidade Anhembi Morumbi (r.
Casa do Ator, 275, tel. 3847-3175).
Texto Anterior: Show: Fabulosa Orquestra injeta peso nos primórdios do rock Próximo Texto: Grande encontro: Jazz Sinfônica arranja sucessos de Luiz Melodia Índice
|