São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2001 |
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"Não sou um compositor para música de concerto, gosto de trabalhar com outras pessoas. Elas são meus colaboradores, as minhas grandes influências", disse Glass. Cita o artista Robert Wilson, com quem fez em "Einstein on the Beach", e Gerald Thomas ("Matogrosso"), entre outros. Hoje, o compositor acompanha a projeção de "Drácula", filme de Todd Browning, de 1931. "Nesta produção, minha grande influência é o ator Bela Lugosi. Como o filme foi feito no início do cinema falado, há poucos diálogos e pude criar músicas inteiras apenas para seu rosto", diz Glass. "Tenho interesse pela imagem", afirma o compositor. Em "Drácula", o compositor valeu-se da diferença de atuação de 70 anos atrás. "O início do filme é bem louco, precisa-se de pelo menos cinco minutos para entrar no tipo de atuação de Lugosi", diz Glass em português, um assíduo frequentador do Rio de Janeiro. Lá chegou a compor várias de suas obras. A trilha para "Drácula" foi composta por Glass a partir de um convite do estúdio Universal. O filme original não tinha música. Com execução do Kronos Quartet, "Drácula" está disponível em DVD e chegou a ser exibido por canais pagos neste ano no Brasil. A trilha é lançada agora pela Warner no país (veja texto abaixo). Entretanto quem assistir hoje à projeção do filme vai perceber uma sonoridade diferente. O compositor criou uma nova versão para a Philip Glass Ensemble, com seis músicos. "As notas são as mesmas, mas às vezes o quarteto é melhor e às vezes, o ensemble é melhor", confessa. No total, Glass já realizou 18 trilhas para o cinema e acaba de compor mais uma. Musicou "Naqoyqatsi", sua terceira parceria com o diretor Geofrey Reggio, com quem realizou o cult "Koyaanisqatsi". "Dessa vez tratamos da tecnologia digital e da internet", conta. O filme ainda não tem data prevista de exibição no país. Música e cinema O compositor participa amanhã de um encontro com músicos e cineastas. Glass irá falar sobre música e cinema, com a projeção de cenas de "Drácula", "Kundun", de Martin Scorsese, "Mishima", de Paul Schrader, "O Agente Secreto", de Christopher Hampton, e "O Show de Truman", de Peter Weir. Certamente Glass vai falar do tripé em que baseia suas composições. "Começo a compor a partir da intuição, mas depois sempre é necessário o uso da parte racional do cérebro e também do coração", conta. O encontro acontece às 18h30, no salão nobre da Sala São Paulo. Inscrições podem ser feitas pelos telefones 3351-8088 ou 3351-8087, das 8h às 16h. DRÁCULA, O FILME E A MÚSICA - Projeção do filme de Todd Browning, de 1931, com execução ao vivo da trilha composta por Philip Glass. Com: Philip Glass Ensemble. Onde: Sala São Paulo (pr. Júlio Prestes, s/n, Centro, tel. 3337-5414). Quando: hoje, às 19h; amanhã, às 21h. Quanto: de R$ 20 a R$ 120 (só há ingressos disponíveis de R$ 90 a R$ 120). Apoio: Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e Embaixada dos Estados Unidos da América. Próximo Texto: CD crítica: Suspense é eficiente e econômico Índice |
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