São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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CRÍTICA COMÉDIA

Longa explora humor finlandês e nonsense

"O Ciúme Mora ao Lado" não é um primor de equilíbrio, mas se afirma como boa diversão para a época de festas

Divulgação
O casal de protagonistas Tuula e Juhani, interpretado por Elina Knihtilä e Hannu-Pekka Björkman, em cena do longa

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Pode parecer brincadeira, mas é isso mesmo: uma comédia finlandesa.
É verdade que começa à maneira nórdica, com Tuula e Juhani encerrando um casamento de dez anos de forma meio traumática: aos berros, lavam um tanto de roupa suja e decidem viver ambos na mesma casa, mas em cômodos diferentes, enquanto não encontram comprador para sua propriedade.
Isso são os primeiros dez minutos. Porque logo o pacato Juhani, terapeuta familiar, aparecerá em casa com uma mulher de ocasião -e isso será o bastante para o caldo entornar.

PREVISIBILIDADE
Tuula vai ela também atrás de um ex-namorado. Juhani responderá levando até lá Nina, uma prostituta que o irmão (gigolô) descola para representar o papel de sua namorada.
Etc. Ou quase isso, já que Nina está envolvida no desaparecimento de uma pequena fortuna que estava em poder de uma outra garota, que morreu.
Isso não agrada em nada a chefona da gangue mafiosa que manda nas prostitutas: ela quer o dinheiro de volta.
Não é preciso ir longe para notar que estamos numa comédia que remete ao subgênero clássico do recasamento. Ninguém reclame, por favor, que a situação é previsível. Numa série de pontos, é mesmo.
Mas esse tipo de comédia baseia-se mesmo em certa previsibilidade.
Mika Kaurismäki (irmão do mais prestigiado Aki Kaurismäki) nos deu há pouco tempo o drama "Três Homens e Uma Noite Fria". Um bem nórdico e em nada desinteressante Natal na fossa. Desta vez seria injusto dizer que Mika vai buscar sua experiência nas longas temporadas brasileiras: "O Ciúme Mora ao Lado" é uma comédia de cinéfilo, que mistura comédia sofisticada, um tanto de chanchadas e outro tanto de pornochanchada.
Entre mafiosos, crianças abandonadas pelos pais, terapeutas matrimoniais incapazes de sustentar o próprio casamento, famílias mafiosas em que o lado família parece contar mais que o lado mafioso, Kaurismäki vai tecendo seu nonsense numa espécie de simpático compromisso com o descompromisso.

BOA DIVERSÃO
É verdade que o filme não será um primor de equilíbrio, que certas situações perdem interesse enquanto se desenvolvem, enquanto outras não se explicam ou de desdobram o bastante.
Nada, no entanto, que impeça "O Ciúme" de se afirmar como uma boa diversão nessa época de festas.

O CIÚME MORA AO LADO

DIREÇÃO Mika Kaurismäki
PRODUÇÃO Finlândia, 2009
COM Elina Knihtilä, Hannu-Pekka Björkman e Antti Reini
ONDE a partir de amanhã, nos cines Belas Artes e Reserva Cultural
CLASSIFICAÇÃO 18 anos
AVALIAÇÃO bom


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