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Esculturas fazem vendaval em museu
Wagner Malta Tavares articula ventiladores e compressores em exposição no Instituto Tomie Ohtake
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Está na ponta dos pés e na
boca do vento o Mercúrio de
bronze que Giambologna fez
em Florença há mais de 400
anos. "Hermes", na individual
de Wagner Malta Tavares agora
no Instituto Tomie Ohtake, é
um pedaço de asa de avião com
turbinas embutidas. Balança
para frente e para trás de acordo com a propulsão do ar.
Toda a exposição está embalada por correntes de vento de
compressores e motores, escondidos ou não. Fotografias
mostram uma cadeira com
uma vela de barco, inchada
diante do mar. Num vídeo, as
cortinas de uma casa saltam para fora das portas. Uma haste
metálica sustenta a capa vermelha -de um herói qualquer-, que flutua sozinha no
ar.
"Tem um negócio de fazer as
coisas invisíveis se tornarem
visíveis", descreve o artista.
"Com as cortinas soprando, você percebe o interior da casa."
Dois compressores no chão
também movimentam hélices
dispostas ao longo de um suporte negro. Fazem ventania
terrena em contraste com a
propulsão aérea do herói desconhecido e a asa de avião
transfigurada em Hermes.
Sai de cena o calor do bronze
e a figura do herói clássico, e
entra o esboço de um novo herói pós-moderno, sem cara
nem carne, e muito vento vazio.
São obras que parecem tragadas pelo ruído dos próprios
ventiladores, fiapos de estrutura vítimas do vendaval que produzem. Tavares afoga tudo
num redemoinho sem cor nem
formas claras. Parece um cenário para algo que está por vir.
WAGNER MALTA TAVARES
Quando: abertura hoje, às 20h; ter. a
dom., das11h às 20h; até 25/4
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av.
Brig. Faria Lima, 201, tel. 2245-1900)
Quanto: entrada franca
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