VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com "Sequestro", que estréia amanhã no Sesc Consolação, a cia. Le Plat du Jour oferece sua terceira variação sobre o mesmo prato na atual temporada: a dramaturgia cômica com acento na figura do palhaço e na ação física.
Também estão em cartaz na cidade os espetáculos "Insônia" e a adaptação do clássico infantil "Três Porquinhos", sempre com a marca da rigorosa irreverência de Alexandra Golik, 38, e Carla Candiotto, 39.
Em "Sequestro", Golik escreve sobre um problema crônico dos grandes centros urbanos e, ainda assim, o faz com a tinta do absurdo, do surrealismo, "por mais que os diálogos e as situações sejam bem realistas", observa. Em cena, diz Golik, a classe dominante vai ao inferno dos "ferrados". Golik interpreta a mulher que, confinada num "muquifo", vai se deparar com descobertas pessoais no embate com o seu algoz (Giulianno Fortes). Enquanto aguardam o resgate, expõem seus modos de vida opostos. Com um desfecho surpreendente, a peça ilustra que alguns encontros na vida poderiam ser trágicos se não fossem demasiado cômicos.
O nome da cia. Le Plat du Jour (o prato do dia, em francês) está na sua origem. Golik e Candiotto se conheceram em Paris em 1992, onde estudaram técnicas de interpretação com o especialista em clown Philippe Gaulier. A companhia das duas, que se firmou em 98, invariavelmente incursiona pelo infantil, como em "Os Três Porquinhos". Elas fazem dois porquinhos-açougueiros que dão conta do terceiro e ainda encarnam o Lobo Mau. Como tudo no Le Plat du Jour, as coisas não são bem assim como aparentam ser.