UOL


São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

5ª BIENAL DE ARQUITETURA

Museu foi votado por quatro dos dez maiores profissionais brasileiros que têm obras na cidade

Para arquitetos, Masp traduz São Paulo

BRUNO GHETTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Masp (Museu de Arte de São Paulo) é o prédio mais representativo da capital paulista, na opinião de alguns dos principais arquitetos do país. Por ocasião da 5ª Bienal Internacional de Arquitetura e Design (BIA), a Folha entrevistou dez dos mais importantes arquitetos com construções em São Paulo, indagando qual edifício teria a "cara" da cidade.
O Masp recebeu quatro votos, superando fortes rivais como os edifícios Copan e Banespa (dois votos cada). Projetado por Lina Bo Bardi (1914-1992) e inaugurado em 1947, recebeu votos de Joaquim Guedes (que projetou a cidade de Caraíba, BA), Ruy Ohtake (arquiteto do prédio onde funciona o instituto que leva o nome de sua mãe, a artista plástica Tomie Ohtake), Maria do Carmo Vilarino (do Projeto Paulista, responsável pela Catedral da Sagrada Familia, em Campo Limpo, SP) e Júlio Neves, atual presidente do Masp. Todos destacam o arrojo arquitetônico das colunas de sustentação e do vão livre de 70 m, onde se realizam manifestações populares e comemorações.
Guedes e Vilarino fazem questão, contudo, de dizer que gostam do Masp original, antes da reforma feita por Neves que, segundo eles, teria descaracterizado o ideal de Bo Bardi. "As obras foram desastrosas. Não entenderam a grande contribuição de Bo Bardi à cultura brasileira", diz Guedes.
Nelson Dupré, restaurador da Sala São Paulo, escolheu o Banespa, "por representar um marco dos anos 50, época em que São Paulo começou a se tornar a grande metrópole que é hoje". A mesma opinião tem Jorge Konigsberger, arquiteto do Terra Brasilis, na av. Luís Carlos Berrini, que dividiu seu voto entre o Banespa, o Martinelli e o Conjunto Nacional.
Paulo Bruna, responsável pelo prédio da Fnac, escolheu o CBI, erguido na década de 40 e que foi por anos um cartão-postal de SP.
Arquiteta da Una, responsável pela restauração do Centro Cultural dos Correios, Fernanda Barbara votou no Copan "pela relação franca e ampla com a cidade". "É um prédio que concentra pessoas de classes sociais das mais distintas. Ele, sozinho, é uma espécie de cidade", compara.
O carioca Oscar Niemeyer decidiu-se pelo Museu Brasileiro da Escultura, o Mube, de Paulo Mendes da Rocha. Para ele, "o prédio, além de muito belo, é muito bem pensado". Retribuindo a gentileza, Rocha escolheu o Copan, o Califórnia e o Memorial da América Latina (todos de Niemeyer). "São projetos pujantes, inteligentes; representam o espírito paulistano como poucos. Os projetos de Niemeyer em São Paulo são ainda melhores que os do Rio", afirma.


Texto Anterior: Le Plat faz 3ª volta à ação "clown"
Próximo Texto: À italiana
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.