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5ª BIENAL DE ARQUITETURA
Museu foi votado por quatro dos dez maiores profissionais brasileiros que têm obras na cidade
Para arquitetos, Masp traduz São Paulo
BRUNO GHETTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Masp (Museu de Arte de São
Paulo) é o prédio mais representativo da capital paulista, na opinião de alguns dos principais arquitetos do país. Por ocasião da 5ª
Bienal Internacional de Arquitetura e Design (BIA), a Folha entrevistou dez dos mais importantes arquitetos com construções
em São Paulo, indagando qual
edifício teria a "cara" da cidade.
O Masp recebeu quatro votos,
superando fortes rivais como os
edifícios Copan e Banespa (dois
votos cada). Projetado por Lina
Bo Bardi (1914-1992) e inaugurado em 1947, recebeu votos de Joaquim Guedes (que projetou a cidade de Caraíba, BA), Ruy Ohtake
(arquiteto do prédio onde funciona o instituto que leva o nome de
sua mãe, a artista plástica Tomie
Ohtake), Maria do Carmo Vilarino (do Projeto Paulista, responsável pela Catedral da Sagrada Familia, em Campo Limpo, SP) e Júlio Neves, atual presidente do
Masp. Todos destacam o arrojo
arquitetônico das colunas de sustentação e do vão livre de 70 m,
onde se realizam manifestações
populares e comemorações.
Guedes e Vilarino fazem questão, contudo, de dizer que gostam
do Masp original, antes da reforma feita por Neves que, segundo
eles, teria descaracterizado o ideal
de Bo Bardi. "As obras foram desastrosas. Não entenderam a
grande contribuição de Bo Bardi à
cultura brasileira", diz Guedes.
Nelson Dupré, restaurador da
Sala São Paulo, escolheu o Banespa, "por representar um marco
dos anos 50, época em que São
Paulo começou a se tornar a grande metrópole que é hoje". A mesma opinião tem Jorge Konigsberger, arquiteto do Terra Brasilis, na
av. Luís Carlos Berrini, que dividiu seu voto entre o Banespa, o
Martinelli e o Conjunto Nacional.
Paulo Bruna, responsável pelo
prédio da Fnac, escolheu o CBI,
erguido na década de 40 e que foi
por anos um cartão-postal de SP.
Arquiteta da Una, responsável
pela restauração do Centro Cultural dos Correios, Fernanda Barbara votou no Copan "pela relação
franca e ampla com a cidade". "É
um prédio que concentra pessoas
de classes sociais das mais distintas. Ele, sozinho, é uma espécie de
cidade", compara.
O carioca Oscar Niemeyer decidiu-se pelo Museu Brasileiro da
Escultura, o Mube, de Paulo Mendes da Rocha. Para ele, "o prédio,
além de muito belo, é muito bem
pensado". Retribuindo a gentileza, Rocha escolheu o Copan, o Califórnia e o Memorial da América
Latina (todos de Niemeyer). "São
projetos pujantes, inteligentes; representam o espírito paulistano
como poucos. Os projetos de Niemeyer em São Paulo são ainda
melhores que os do Rio", afirma.
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