São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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ERUDITO

Com regência de Iuri Temirkanov, a orquestra mostra trechos de Borodin, Tchaikovski e Prokofiev; evento é grátis
Filarmônica russa faz concerto ao ar livre

IRINEU FRANCO PERPÉTUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Já está virando uma rotina e das mais agradáveis. Coincidindo com a Copa do Mundo, a cada quatro anos, uma das melhores orquestras da Europa, a Filarmônica de São Petersburgo, visita o Brasil. Foi assim em 1994, em 1998 e, agora, em 2002, quando os russos, trazidos ao país pela Sociedade de Cultura Artística, fazem uma apresentação ao ar livre, hoje, no Ibirapuera, tocando ainda na Sala São Paulo, na quarta-feira.
"Não fazemos muito esse tipo de apresentação", explica o maestro Iuri Temirkanov, 64, diretor artístico da filarmônica desde 1988. "Escolhemos um programa bastante popular, porque, a concertos ao ar livre, costumam ir pessoas que não estão habituadas à música clássica."
O "programa popular" de Temirkanov inclui obras de grande colorido escritas por autores russos, como Borodin ("Danças Polovtsianas"), Tchaikovski (excertos do balé "Quebra-Nozes") e Prokofiev (trechos de "Romeu e Julieta"), entre outros.
Hoje, como no tempo da URSS, a filarmônica é subsidiada pelo governo federal. E Temirkanov é lacônico ao falar sobre a sua situação. Desde o fim do comunismo, há dinheiro para a filarmônica? "Menos." É possível fazer uma boa orquestra com pouco dinheiro? "Não." Bons músicos russos foram para outros países em busca de melhores salários? "Alguns." O que fazer? "É preciso falar com (Vladimir) Pútin (presidente da Rússia). Foi o que fiz." Como foi a conversa? "Boa. Vamos aguardar." Qual é o salário dos músicos? "Não é grande. Mas logo será maior." Os músicos são jovens? "Mais ou menos."
Na Sala São Paulo, a filarmônica toca, de Mussorgski, "O Amanhecer no Rio Moscou" e "Quadros de uma Exposição" (com orquestração de Ravel). O programa é complementado pelo "Concerto nš 3 para piano e orquestra", de Prokofiev, com solo do pianista georgiano Aleksandr Toradze.
Radicado nos EUA desde 1983, Toradze quer aproveitar o período no Brasil para ouvir "samba e pagode". "Beethoven não tem aeroporto; Mozart não tem aeroporto; mas aqui há um aeroporto com o nome de Tom Jobim".


FILARMÔNICA DE SÃO PETERSBURGO. Quando: hoje, às 11h30. Onde: pq. Ibirapuera - pça. da Paz (av. Pedro Álvares Cabral, s/nš). Quanto: entrada franca. Quando: quarta, às 21h. Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš, tel. 3258-3344). Quanto: R$ 120/R$ 290 (R$ 10 para estudantes, meia hora antes dos concertos). Patrocinador: Bovespa.


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