IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Flamenco e grande orquestra sobem juntos, hoje, ao palco do Cultura Artística. Sob regência de Carlos Moreno, a Orquestra Sinfônica da USP convida a Cia.
Denise Santoro - Arte e Dança Flamenca para "Nos Passos de Manuel de Falla".
Cada metade da apresentação começa com música folclórica espanhola, seguida de uma partitura de Falla: na primeira parte, a sinfônica executa "O Chapéu de Três Pontas", e, na segunda, "O Amor Bruxo". A solista convidada é a mezzo-soprano Adriana Clis.
Ambas as peças de Manuel de Falla têm forte ligação com o bailado -se "O Chapéu de Três Pontas" foi encomendado pelos Ballets Russes, do russo Serguei Diaghilev (1872-1929), "O Amor Bruxo", por seu turno, inspirou célebre filme homônimo de Carlos Saura, de 1986, com coreografia de Antonio Gades.
De origem andaluza, Manuel de Falla (1876-1946) foi o mais importante compositor espanhol do século 20 e utilizou o colorido da música cigana em suas criações. "Queríamos dar a chance de mostrar ao público a fonte de inspiração do Falla", afirma Moreno. "O folclore espanhol é muito importante para a música erudita e aparece em criações de compositores como Ravel."
O contato com as castanholas e o sapateado flamenco acabou influenciando até os gestos do maestro em cena. "Como violinista e como regente, eu já havia executado obras de influência espanhola, mas, agora, muita coisa mudou", conta. "Estou procurando um gestual que me faça obter uma sonoridade que tenha a ver com esse universo."