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Os subversivos
são outros 500
free-lance para a Folha
Guarde estes nomes: Edson
Barrus, Oriana Duarte e Marcelo
Coutinho. Eles estão entre os artistas do núcleo "Arte Política: Isto São Outros 500", que apresenta
os trabalhos mais ousados de toda
a exposição.
Obras dos pernambucanos
Oriana e Coutinho puderam ser
apreciadas, recentemente, na
mostra "Panorama da Arte Brasileira 99", do MAM, que, aliás, trazia também outros nomes ora
presentes em "Rumos".
Oriana Duarte vai, finalmente,
tomar sua sopa de pedras em São
Paulo. O processo é o seguinte:
para discutir a problemática da
"coisa em si", a artista carrega pedras dos locais por onde passa e as
mistura a pedras do local onde está. Com esses ingredientes, prepara uma sopa, que ela toma em
suas performances para expressar
a impossibilidade de apropriar-se
do lugar, mostrar a ilusão da supremacia do objeto de arte.
A expressão "coisa em si" Oriana retirou do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), que
teorizou sobre a estética na obra
"Crítica do Juízo". "Chega de
Kant, que eu utilizo justamente
para desafiar, porque o que existe
é uma impossibilidade da fruição
estética plena", afirma.
A performance de Oriana, que
dura cerca de uma hora, vai ocorrer às 13h30 de hoje, na abertura
de "Rumos Visuais".
Edson Barrus comparece com
sua "Base Central Cão Mulato",
obra embasada em uma formulação conceitual complexa: trata-se
de um equipamento para produzir um vira-lata a partir de seis raças caninas puras com objetivo de
servir de modelo para clonagem.
"O vira-lata é o símbolo da "mulatação", ou seja, da diluição das
categorias e do esfacelamento da
idéia de pureza", afirma o artista
pernambucano residente no Rio
de Janeiro. Barrus tem formação
em zootecnia e mestrado em artes
plásticas e conjuga estes dois universos em sua obra.
Para ele, a genética está mexendo com questões éticas importantes e a abordagem por uma perspectiva insuspeita, como a arte,
possibilita maior reflexão sobre o
assunto porque surpreende.
"O que eu estou propondo, na
verdade, é a clonagem de um organismo inútil, que é o mais desqualificado dos cachorros, contra
o discurso nazi-fascista, ou todo
discurso autoritário", explica.
Mas o núcleo "Outros 500" não
é composto apenas de trabalhos
cerebrais. Mesclando o conteúdo
político a preocupações plásticas,
a instalação de Caio Reisewitz
versa sobre a questão da autoridade. O artista dispõe em uma parede ampliações fotográficas de fardas policiais que destacam a bandeira do Estado de São Paulo.
Reisewitz trabalha com fotografias apropriadas (fotografa imagens de jornal) e reais. Nestas, interfere riscando o negativo ou sobrepondo com tarjas os nomes
que figuram nas placas de condecoração que fotografa. "Não quero julgar as pessoas, por isso oculto os nomes. A idéia é questionar
o que está escrito", afirma.
(JMo)
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