São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2011

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Itaú Cultural realiza retrospectiva de cinema marginal

Mostra reúne produções de fora da esfera do mercado, vindas de cenas regionais ou assumidamente "trash"

Oficinas e bate-papos ocorrem em paralelo à exibição de títulos como "A Noite dos Chupacabras"

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Habitualmente dedicado ao cinema experimental, livre dos preceitos do mercado e da linguagem clássica, o Itaú Cultural conhece bem as margens do audiovisual.
E foi nesse espaço, o das "bordas" da indústria cultural, que a instituição encontrou os filmes que, a partir de hoje, chegam ao público.
A terceira edição do "Cinema de Bordas", em cartaz até 24 de abril, reúne 19 filmes realizados sem dinheiro, sem grife e sem gramática. Os cineastas anônimos, descobertos em todos os cantos do país, são mestres em recorrer ao "jeitinho brasileiro" para, de uma ideia, tirar um filme.
É esse também o espírito da oficina "Produzindo com Recurso Zero", que acontece entre os dias 20 e 22 de abril.
O curso estará a cargo do diretor paulista Joel Caetano, que, nas mostras anteriores, colocou suas produções, todas feitas na raça, claro, na tela do Itaú.

FAROESTE CABOCLO
Dentre os filmes selecionados para esta edição estão "A Noite do Chupacabras", de Rodrigo Aragão, morador de uma aldeia de pescadores em Guarapari (ES), e "A Gripe do Frango", um dos 20 filmes realizados por Seu Manoelzinho, estrela na cidade de Mantenópolis (ES), graças à paixão pelos faroestes.
"Esse projeto foi pensado para a expansão do nosso público de cinema", diz Roberto Moreira Cruz, curador de audiovisual do Itaú.
"São filmes estranhos, que têm apelo popular. A força deles está no fato de serem naïfs, primitivos."
Alguns são também paródias do cinema de gênero e outros são assumidamente "trash", como os assinados pelo gaúcho Felipe Guerra, da Necrófilos Produções, que dispensa apresentações.
"Não se trata de cinema experimental, no sentido conceitual do termo, mas esses filmes se incluem numa busca por algo que está fora do mercado", diz Cruz, reforçando a ideia do "Seja Marginal Seja Herói" presente no pôster pregado em sua sala.
Do apoio aos documentários na época em que os documentários estavam em baixa às exposições que, pela própria existência, contestam a sala de cinema como espaço único para a exibição de filmes, o Itaú aposta nas bordas como lugar de renovação das imagens.

MOSTRA CINEMA DE BORDAS

QUANDO até domingo
ONDE Itaú Cultural (av. Paulista, 149; tel. 2168-1776)
QUANTO grátis (ingressos distribuídos com meia hora de antecedência)
CLASSIFICAÇÃO 14 anos (exceto "O Doce Avanço da Faca" e bate-papo com Petter Baiestorf, 18 anos)


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