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Fotos ganham mostras em SP
Exposições em museus e galerias trazem imagens realizadas por artistas brasileiros e internacionais
Com 200 trabalhos de 50 fotógrafos, coleção alemã em exibição no MAM é o principal destaque entre as mostras em cartaz na cidade
Fotos Divulgação
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MAIS DO QUE OS OLHOS CAPTAM - DEUTSCHE BANK e RINKO KAWAUCHI
Cerca de 200 obras de 50 artistas alemães que marcaram a arte fotográfica após 1945. Na sala Paulo Figueiredo, Rinko Kawauchi apresenta 70 imagens clicadas no Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Este é um bom momento para ver fotografia em São Paulo.
O principal destaque é a exposição que reúne trabalhos de 50
artistas, em sua maioria alemães, em cartaz no MAM, no
parque Ibirapuera. "Mais do
que os Olhos Captam - Deutsche Bank" reúne 200 imagens
de uma coleção de medalhões.
Um deles é Andreas Gursky.
O fotógrafo nascido em 1955
tem como marca a ampliação
em grandes formatos. Aqui, ele
apresenta um registro da bolsa
de valores de Tóquio.
Gursky é uma sensação no
mercado de arte. Em fevereiro
passado, a casa de leilões Sotheby's vendeu uma foto do alemão por 1,7 milhão de libras
(R$ 6,78 milhões).
"Ele trabalha com grandes
obras que são como "frames" e
contam uma história. É quase
um filme. Há tanta informação
em suas fotos que é possível fazer um retrato da sociedade
contemporânea", analisa Rubens Fernandes Jr., professor
da Faap e crítico de fotografia.
Para Fernandes, as fotos de
Gursky funcionam como uma
"síntese da visão contemporânea". "É a essência do mundo
atual, ao mesmo tempo, que faz
uma crítica muito forte e sutil
mostrando repetição, mesmice
e semelhança", aponta ele.
Na exibição em cartaz no
MAM, é possível conhecer também a obra da dupla Hilla e
Bernd Becher, que foram mestres de Gursky e tiveram muita
influência no trabalho dele. O
casal catalogou sistematicamente, na década de 70, maquinários industriais.
No começo dos anos 80,
Gursky estudou na Staatliche
Kunstakademie (uma escola de
arte em Düsseldorf, cidade natal do artista), onde os Becher
eram professores. Ele teve como colegas Sigmar Polke e Gerhard Richter -outros dois expoentes da arte contemporânea alemã presentes no MAM.
Boas surpresas
Dois fotógrafos brasileiros
têm a obra elogiada por Fernandes. Christiana Carvalho,
que expõe na galeria Millan, em
Pinheiros, e Rogério Canella,
em cartaz na galeria Vermelho,
na Consolação.
"Fiquei surpreso com a qualidade do trabalho de Christiana", afirma Fernandes.
As fotos em preto-e-branco
mostram edifícios encapados
por plástico. "São imagens abstratas incríveis, só entendemos
do que se trata porque ela denuncia ao espectador o que está
fotografando", completa ele.
Segundo Fernandes, dentro
das temáticas contemporâneas, a fotografia vem assumindo o papel de chamar a atenção
para o banal. É justamente nesse nicho que se encaixam as fotografias de Canella.
A exposição "30 m" reúne registros de vários pontos da
construção da linha 4 do metrô
de São Paulo. "Canella é sempre uma ótima surpresa, traz
em sua obra a banalidade da
construção numa metrópole,
algo que a gente não dá importância. Ele recorta fragmentos
e faz composições surpreendentes", afirma o crítico.
Já o badalado Vik Muniz, cujo trabalho está em cartaz na
galeria Fortes Vilaça e no Paço
das Artes, não seduz Fernandes. "Ele está maneirista demais, me incomoda a repetição
desse maneirismo. Seu índice
de originalidade vem diminuindo a cada série", opina.
Em uma linha mais documental, a exposição "Cosmos:
Três Olhares sobre a Rússia",
na Pinacoteca, apresenta fotos
dos brasileiros Maurício Nahas, Paulo Mancini e Ricardo
Barcellos daquele país. As fotos
enfocam sobretudo o cotidiano
e escapam das imagens de apelo mais turístico.
(TEREZA NOVAES)
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