ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

O projeto que o crítico Stéphane Huchet apresenta na nova Temporada de Projetos do Paço das Artes retoma definições de "contato" em busca de uma relação menos estereotipada entre a arte e a noção de "virtual". Paradoxal? Não muito. Na exposição, cinco artistas representam o contato a partir de elementos virtuais.
"A idéia de contato é vinculada a uma tentativa de continuar a redescobrir, a indagar, o que, na produção plástica, o artista pode dizer do corpo", explica Huchet.
Alertando que a proposta pode parecer anacrônica, "mas não é", Huchet evidencia o caráter primordial do contato não só na obra de arte, mas também no cotidiano. "A noção do contato, desde que o homem é homem, já contém todo o leque do virtual." Nos cinco trabalhos apresentados, a virtualidade se apresenta não em forma de linguagens de programação, como quase sempre é pensada, mas através de signos cotidianos -objetos, palavras, sombras e corpos.
Élida Tessler, por exemplo, recolhe palavras aleatoriamente de textos de autores como James Joyce e Carlos Drummond de Andrade para gravá-las em chaves.
Maria Ivone dos Santos usa a câmara escura para projetar jogos de mãos. Elyeser Szturm apresenta fotos impressas sobre chapas de silicone que resgatam na antiguidade, no mito de Dibutade, as formas dos entes queridos conservadas na parede.
Patrícia Franca também traz na fotografia corpos e objetos. E, por todos os ambientes, Hélio Fervenza espalha objetos descontextualizados, desafiando a percepção.