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26ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SP
"INVENCÍVEL"
Centrada em gigante mitológico, produção tem falhas, mas cai bem na filmografia do diretor alemão
Roteiro e elenco duelam em novo Herzog
Divulgação
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Tim Roth em "Invencível", filme que marca a volta de Werner Herzog à ficção e que é exibido hoje |
TIAGO MATA MACHADO
CRÍTICO DA FOLHA
Werner Herzog , de volta
à ficção, diz-se inspirado
numa história real, mas o personagem central, o gigante Zishe
Breitbart (Jouka Ahola), é uma figura mítica da tradição hebraica.
De fato, é como uma fábula que
Herzog nos narra a história de
"Invencível". Após derrotar Hércules, o "homem mais forte do
mundo", num espetáculo circense, para pagar uma dívida, Breitbart, um ferreiro judeu polonês, é
aliciado por um caça-talentos alemão. Vai parar no "ovo da serpente" da Berlim dos anos 30, onde se torna uma das atrações do
"Palácio do Ocultismo", criado
pelo ilusionista Jan Hanussen
(Tim Roth), personagem real, este
sim, que já foi tema de um filme
do diretor húngaro Istvan Szabo
("Hanussen", 1988).
No espetáculo de Hanussen, o
ingênuo grandalhão judeu é obrigado a interpretar um herói ariano do imaginário protonazista.
Ao contrário do de Szabo, o Hanussen de Herzog revela-se um
farsante oportunista, como tantos
que ascenderam com o hitlerismo. O personagem pertence, na
obra de Herzog, à linhagem de
Aguirre e de Fitzcarraldo, a dos
"conquistadores do impossível".
Já Breitbart pertence à linhagem
de Stroszeck e Kaspar Hauser. Entregues a um sonho, os "conquistadores do impossível", cuja megalomania delirante descende do
hitlerismo, estão sempre almejando o sublime, mas, em Herzog, só
os idiotas o alcançam. É o ingênuo
Breitbart que adquire, em "Invencível", a verdadeira vidência.
O roteiro do filme, como se vê,
cai como uma luva na filmografia
de Herzog. Sua realização, infelizmente, não está à altura: a direção
corre muito frouxa e o elenco central não ajuda: Ahola, atleta vencedor do prêmio de homem mais
forte do mundo, pode não chegar
ao sublime como Breitbart, mas,
perto da afetada grandiloquência
dramática de Roth, um canastrão
consumado, sua inexperiência é
um verdadeiro alívio.
Avaliação:
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