São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 2005

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ARTES

CCBB leva amanhã, às 18h, a intervenção urbana "Cubo", criada por seis grupos de artistas, à praça Patriarca, em SP

Coletivos montam caixa urbana no centro

Jefferson Coppola/Folha Imagem
O "Cubo", intervenção urbana feita com telas de 7 m e produção audiovisual, que está montada na praça Patriarca, no centro de SP


ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma caixa com pedaços da cidade dentro. Uma estrutura gigante de 7 m de altura e cinco faces no meio da rua. Cinco telas com projeções de imagens diferentes e simultâneas. Amanhã, a partir das 18h, a praça do Patriarca (centro de São Paulo) conhecerá todos os ângulos da intervenção "Cubo", produzida por seis diferentes coletivos de arte com recortes do cotidiano urbano.
Espécie de "performance audiovisual", o Cubo foi desenvolvido em conjunto pelos grupos A Revolução Não Será Televisionada, Bijari, Cia Cachorra, C.O.B.A.I.A., Contra Filé e Perda Total. Cada um, a partir de sua linha de pesquisa, criou, entre março e abril, material audiovisual gerado por vivências/experiências com a cidade.
"O "Cubo" não é tela, é "a" intervenção", explica o artista Daniel Lima, 32, do grupo A Revolução Não Será Televisionada, articulador do projeto. Segundo ele, os grupos partiram de caminhos semelhantes: o trabalho teria que ser "festivo e contaminar o público" e as temáticas partiriam da idéia de "mito" em dois planos -o pessoal e o histórico.
O C.O.B.A.I.A., por exemplo, partiu do pessoal, da experiência de "internação" com personagens, com acompanhamento por várias semanas de figuras comuns, mas significativas do cenário dos grandes centros.
Já o Bijari, que participa com duas peças, usou a metáfora do boxe para falar dos embates no espaço público em "Assalto" e falou da limpeza do espaço urbano em "Lave Suas Mãos". Ambos os trabalhos tiveram ações anteriores no espaço público.
"Levamos sabonetes às ruas e entregávamos às pessoas para que lavassem as mãos. Fizemos um link disso com o discurso da limpeza da cidade", explica o artista Maurício Brandão, 30. "Também levamos vários bonecos tipo joão-bobo para o centro. Foi engraçado perceber como isso despertou a violência nas pessoas", completou Geandre Tomazoni, 27.
A Cia Cachorra realizou três performances no centro. Na primeira delas, os integrantes pediam, com uma placa, um minuto de silêncio na praça da Sé. Na segunda, "Homeless", as pessoas, fantasiadas de cachorro, atuavam como moradoras de rua. Na última, um membro do grupo, vestida de "diabo-cão", andou, novamente, pela praça da Sé, com um cubo de espelhos na mão e com a intenção de provocar os passantes. "As pessoas se sentiram muito incomodadas. Um pregador da praça chegou até a dizer: "É isso, o diabo está dentro de você'", conta Fabiana Prado, 33.
O "Cubo" é parte do projeto Interações Eletrônicas, programado pelo Centro Cultural Banco do Brasil para a comemoração de seus quatro anos de existência. Apesar disso, acontece somente em espaços públicos. Depois da praça Patriarca, onde fica hoje e amanhã, das 18h às 22h, será levado para o Vale do Anhangabaú nos dias 29 e 30 e para a praça da Sé nos dias 5 e 6 de maio.
Daniel Lima acredita que a relação entre os artistas e a instituição, que não impôs curadoria, é o principal ganho do "Cubo" para os coletivos.
"O CCBB "comprou" o projeto sem saber exatamente o que é. Acreditamos que é preciso ter essa acidez", afirmou.

Cubo
Quando:
amanhã, das 18h às 22h
Onde: praça Patriarca, centro


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