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ARTES
Neoconcretista carioca apresenta experimentos com novos materiais em exposição em cartaz na galeria Fortes Vilaça
Neto recria o organismo com bolas e tecido
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ainda atrelado a formas orgânicas que surgem a partir do tensionamento de tecidos e de composições vetoriais penetráveis de fazer
inveja a qualquer arquiteto, Ernesto Neto assimila novos materiais e mostra, a partir de hoje na
galeria Fortes Vilaça, os últimos
experimentos que deram origem
à exposição "Agora Bolas".
O princípio empregado ainda é
o mesmo de outros trabalhos do
neoconcretista carioca, que, só
neste ano, vai expor nas galerias
Yvon Lambert (Paris), Tomio Koyama (Tóquio), Koyanagi (Tóquio), no Freud Museum (Viena)
e no Domaine de Kerguéhennec
Centre D'Art Contemporain (Paris). Para erguer "Ora Bolas!",
obra que ocupa quase todo o volume da sala principal da galeria,
Neto escolhe pontos no teto onde
são fixadas as partes de um tecido
que, esticado, dá origem a mais
uma das "paisagens internas de
um organismo vivo".
"É uma composição racional?
Sim, é. Eu leio muita coisa sobre
mecânica, física, astronomia, biologia etc. Mas a racionalidade
aqui é só uma ferramenta, pois
dela saem formas completamente
intuitivas", diz. "O resultado são
essas imagens que trazem referências de paisagens que não podemos ver a olho nu, por pertencerem a um mundo microscópico
ou macroscópico", completa.
As estruturas das obras de Neto,
que antes eram montadas pelo
uso do tule de lycra, um tecido
elástico parecido com o pano de
fazer meia-calça, agora exploram
as possibilidades de fios de algodão entrelaçados. Em "Ora Bolas!", o peso de esferas (dessas
usadas em piscinas de parques infantis) é o que puxa a rede pregada ao teto em direção ao chão.
Quem quiser pode entrar e nadar.
Dá até pra mergulhar e ficar completamente submerso.
No mezanino, Neto mostra
duas obras de chão que também
usam rede preenchida por bolinhas. "As esferas tendem a se esparramar pelo piso, mas o tecido
não permite, e daí surge essa forma celular, de ameba, de bicho",
explica ele. E, na parede do mesmo espaço, o artista pendura estruturas também de algodão esticado a partir de um núcleo.
O uso das esferas e mesmo as
cores escolhidas (verde para as
bolinhas e rosa para o tecido)
aproximam os novos trabalhos de
um universo mais pop. "A palavra
bola [do título "Agora Bolas'] lembra alguma coisa que fica entre a
palavra "esfera", mais usada pela
ciência, e a figura do Mickey", sintetiza Neto.
Agora Bolas
Artista: Ernesto Neto
Quando: de ter. a sex., das 10h às 19h;
sáb., das 10h às 17h
Onde: Fortes Vilaça (r. Fradique
Coutinho, 1.500, tel. 3032-7066)
Quanto: entrada gratuita
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