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CINEMA/"MAIS UMA VEZ AMOR"
Filme de Svartman é frouxo no casamento entre amor e humor
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A comédia romântica é um
gênero que exige certa habilidade no manuseio das químicas
cinematográficas, haja vista que
só Howard Hawks, Domingos
Oliveira e meia dúzia de outros
poucos (todos geniais) não caíram na banalidade nesse campo.
Rosane Svartman não está nesse
clube seleto, e "Mais uma Vez
Amor", ainda que longe da indignidade de um "Avassaladoras",
sofre de uma grande anemia.
O que é brutal aqui, porque estamos num estilo de cinema que
requer convívio entre forças
opostas, da gravidade do louco
amor à descontração cômica -e
é por isso que esses filmes seguem
a bula dos opostos que se atraem.
Svartman vai por esse caminho,
com a espevitada Lia (Juliana
Paes) e o certinho Rodrigo (Dan
Stulbach) amando-se e encontrando-se esporadicamente por
mais de duas décadas.
O filme começa no presente,
com Rodrigo, pai e frustrado com
seu casamento com Clara (Christine Fernandes), e uma melancólica Lia, mãe solteira e um tanto
cética sobre relacionamentos.
A partir daí o filme alterna passado e presente, mostrando no
vaivém (um tanto engessado) como o par se conheceu em 1980,
seus encontros, desencontros etc.
Há também uma praia rochosa,
na qual eles fizeram juras de
amor, terreno de lembranças de
Rodrigo e Lia, bastião do seu eterno amor.
Claro, uma imagem clichê, mas
que poderia ser forte. Não é, graças à frouxidão que há no filme,
do humor à paixão anêmica do
casal. Espantoso, porque o roteiro, adaptado da peça homônima,
é assinado por Carlos Lombardi.
Talvez o erro esteja na câmera
de Rosane Svartman, que parece
não olhar, apenas ouvir. Tímida,
ela visita os espaços abrindo o enquadramento, mas descrê na forma das coisas, e sua mira vai para
os diálogos dos personagens.
Única coisa que resta, essa dramaturgia apenas guia a banalidade de seus personagens, que parecem fora dos seus corpos, falando
e agindo mecanicamente. Num
gênero de arquitetura complexa,
que pede vigor na fúria romântica
e humorística, a pastosidade de
"Mais uma Vez Amor" é a pura
negação ao acerto de um "Todas
as Mulheres do Mundo", por
exemplo.
Mais uma Vez Amor
Direção: Rosane Svartman
Produção: Brasil, 2005
Com: Juliana Paes, Dan Stulbach
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, Metrô Santa Cruz, Penha,
Interlagos e circuito
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