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São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

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Lugares "multiuso" reúnem lazer, compras, gastronomia, música e até cabeleireiro

Fora da ordem

André Sarmento/Folha Imagem
Interior do Hotel Lycra, onde se misturam loja, restaurante com projeção de filmes e galeria de arte; lugares em São Paulo oferecem shows, exposições, peças de teatro e refeições num mesmo espaço


MARCELO RUBENS PAIVA
ARTICULISTA DA FOLHA

Ninguém sabe onde ou quando começou. Também não se sabe o porquê. É uma tendência e está dando certo: abrem-se lugares inusitados que comportam lazer, compras, gastronomia e música. Lojas e grifes apresentam shows, exposições, peças de teatro e, lógico, comes e bebes, tudo sob o mesmo teto. São os espaços "multiuso", como ampgalaxy, do estilista Vinicius Campion em parceria com a Adidas Original, um predinho de quatro andares em Pinheiros.
Ele funciona diariamente até as 2h. No térreo, um DJ embala bossa nova, clássicos da MPB e jazz. O novo ponto da marca amulherdopadre tem showroom, bar decorado como um dos anos 50 e um clube no subsolo que já bomba às terças e abre para as noites de sextas e sábados.
"Todo conceito do prédio veio da grife. Em breve, vamos abrir o terraço. Vamos adivinhar qual caminho tomar. Aqui só vem um pessoal selecionado", diz Lecuk, diretor artístico. "Tudo começou com o boca a boca, num espírito de clubinho."
O ampgalaxy resgata o design de botecos antigos. As cadeiras vieram de um depósito. O balcão do bar é cópia de um jogado no fundo de um supermercado. Os drinques são clássicos. É uma viagem ao passado do Brasil bossa nova. "É o conceito multifuncional. Não queríamos seguir uma tendência mundial, mas fazer entretenimento para nós mesmos. Não sabemos se o multiuso vai pegar", diz Lecuk.
Já a Loja de Intervenção, aberta das 14h às 22h, fica num casarão reformado na Consolação. Vários estilistas expõem nos cômodos da casa, como Sérgio Tonus, sócio da Loja, Alessandra Hypólito e Jaqueline Alcântara.
Nela, há brechó, livraria, objetos de design e um cabeleireiro (Paulo Daidone). Aluga-se o espaço para festas, exposições e, em cartaz, num teatro para 30 pessoas, está o monólogo de Leo Lama, "O Perdido Coração do Cristo".
"A primeira coisa que passou pela nossa cabeça foi como vender nossos artigos. Não tínhamos um lugar para comercializar. Como temos fixação por casas antigas e achamos essa, pensamos em transformá-la num ponto de encontro", diz Tonus.
No Itaim, rola o projeto BEC (Comunidade Eletrônica Brasileira, em inglês), criado pela marca Slam, toda quinta-feira de julho, das 17h às 20h. A atração com entrada franca combina conhecidos da cena eletrônica paulistana, internet café, bar e roupas da grife.
O Hotel Lycra vem da grife dos restaurantes Spot e Ritz e funciona na perdulária Oscar Freire. No térreo, há uma loja da Lycra e o restaurante em que três telas exibem filmes em DVD, como "Tarzan", de Johnny Weissmuller.
Na entrada, nove pufes vermelhos e pretos. A luz muda de repente. A cliente Helena, à espera de amigos, brinca: "Dá vontade de mergulhar nesse pufe. Dá até para dormir nele". Um outro cliente pergunta assim que entra: "Aqui é um restaurante ou não?".
"Fazer três espaços em um já é uma tendência. A Lycra nos convidou. Não sabíamos o que ia ser, nem conhecíamos nada parecido. Um puxa o público para o outro", explica Sérgio Kalil, que administra o restaurante.
A galeria do Lycra, no segundo andar, expôs recentemente quadros de Leonilson. A curadora, Mônica Orcioli, afirma que não é um espaço para festas.
"Trabalhamos em cima de um conteúdo, trazemos uma cultura contemporânea e arte com estilo que tenha um caráter inovador. Não tem a ver só com a marca."


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