São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gravuras revelam faceta de Anita Malfatti

GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

É como um útero que acorda. Depois de passar décadas e décadas guardadas, matrizes de 20 gravuras da juventude de Anita Malfatti (1889-1964) atravessam longo projeto de restauração e novamente geram reproduções.
O resultado das impressões póstumas aparece pregado às paredes do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP na exposição "Anita Malfatti Gravadora: Uma Recuperação". É justamente revelar a técnica pouco conhecida dentro da obra da pintora modernista o intuito da mostra.
Uma vez impressas, as gravuras -a maior parte delas da década de 10- deixam entrever o traço delicado em temas brasileiros (como no panorama sutil de "Paisagem com Coqueiros" e "Bahianas"). Composta a partir de duas placas, "Boneca Japonesa" mostra o cuidado com as cores que permeia sua produção em óleo.

Pesquisa
Para entender o processo da chamada "recuperação", é preciso voltar aos anos 60. Foi para um trabalho de sua graduação na FAU que Marta Rossetti Batista começou a estudar a obra de Anita Malfatti, ainda viva na época. "Quando o processo começou, a Anita parecia admirada, parecia surpresa de ter gente trabalhando com a obra dela. Cheguei a estar com ela algumas vezes em 1964, ano de sua morte", conta.
A graduação terminou, mas desde então, Marta dedica-se à catalogação, estudo e recuperação do trabalho da pintora como pesquisadora do IEB. O contato com a obra gerou o contato com a família da artista. Em 1989, com a comemoração do centenário de nascimento de Anita, foi para o instituto que foram doados os cadernos de desenho, o arquivo pessoal (fotos, documentos, cartas) e as matrizes de gravura da pintora.
Desse último conjunto se ocupou especialmente a pesquisadora Ana Paula Felicissimo de Camargo Lima. Responsável pela coordenação do projeto de impressão e da exposição, Ana Paula fez cursos para se aprimorar no trabalho de recuperação das chapas de metal e também no cuidado com as impressões. "Descobrimos que Anita chegou a ter aulas de gravura na Art Students League e continuou a trabalhar com a técnica durante seu período na Alemanha. Foi uma fase de experimentação que ela não levou adiante", explica Ana Paula.
Além das impressões póstumas, o IEB expõe seis obras de Anita que integram a coleção Mário de Andrade: três óleos ("O Homem Amarelo", "O Japonês" e "A Estudante Russa"), uma gravura e dois desenhos em pastel. Para 2006, a Editora 34 e Edusp preparam catálogo de sua obra.


Anita Malfatti Gravadora: Uma Recuperação
Quando:
de seg. a sex., das 14h às 17h (o instituto ficará fechado entre os dias 26 e 31/12)
Onde: IEB-USP (av. Professor Mello Moraes,travessa 8, nš 140, Cidade Universitária, tel. 3091-3247)
Quanto: entrada franca


Texto Anterior: Interação movimenta exposições em SP
Próximo Texto: Música: Bola Preta toca choros próprios e de mestres
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.