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Gravuras revelam faceta de Anita Malfatti
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
É como um útero que acorda.
Depois de passar décadas e décadas guardadas, matrizes de 20
gravuras da juventude de Anita
Malfatti (1889-1964) atravessam
longo projeto de restauração e novamente geram reproduções.
O resultado das impressões póstumas aparece pregado às paredes do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP na exposição
"Anita Malfatti Gravadora: Uma
Recuperação". É justamente revelar a técnica pouco conhecida
dentro da obra da pintora modernista o intuito da mostra.
Uma vez impressas, as gravuras
-a maior parte delas da década
de 10- deixam entrever o traço
delicado em temas brasileiros
(como no panorama sutil de "Paisagem com Coqueiros" e "Bahianas"). Composta a partir de duas
placas, "Boneca Japonesa" mostra o cuidado com as cores que
permeia sua produção em óleo.
Pesquisa
Para entender o processo da
chamada "recuperação", é preciso voltar aos anos 60. Foi para um
trabalho de sua graduação na
FAU que Marta Rossetti Batista
começou a estudar a obra de Anita Malfatti, ainda viva na época.
"Quando o processo começou, a
Anita parecia admirada, parecia
surpresa de ter gente trabalhando
com a obra dela. Cheguei a estar
com ela algumas vezes em 1964,
ano de sua morte", conta.
A graduação terminou, mas
desde então, Marta dedica-se à catalogação, estudo e recuperação
do trabalho da pintora como pesquisadora do IEB. O contato com
a obra gerou o contato com a família da artista. Em 1989, com a
comemoração do centenário de
nascimento de Anita, foi para o
instituto que foram doados os cadernos de desenho, o arquivo pessoal (fotos, documentos, cartas) e
as matrizes de gravura da pintora.
Desse último conjunto se ocupou especialmente a pesquisadora Ana Paula Felicissimo de Camargo Lima. Responsável pela
coordenação do projeto de impressão e da exposição, Ana Paula
fez cursos para se aprimorar no
trabalho de recuperação das chapas de metal e também no cuidado com as impressões. "Descobrimos que Anita chegou a ter aulas
de gravura na Art Students League e continuou a trabalhar com a
técnica durante seu período na
Alemanha. Foi uma fase de experimentação que ela não levou
adiante", explica Ana Paula.
Além das impressões póstumas,
o IEB expõe seis obras de Anita
que integram a coleção Mário de
Andrade: três óleos ("O Homem
Amarelo", "O Japonês" e "A Estudante Russa"), uma gravura e
dois desenhos em pastel. Para
2006, a Editora 34 e Edusp preparam catálogo de sua obra.
Anita Malfatti Gravadora: Uma Recuperação
Quando: de seg. a sex., das 14h às 17h (o
instituto ficará fechado entre os dias 26 e
31/12)
Onde: IEB-USP (av. Professor Mello
Moraes,travessa 8, nš 140, Cidade
Universitária, tel. 3091-3247)
Quanto: entrada franca
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