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São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2003

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MÚSICA ERUDITA

"Dido e Enéas" tem três apresentações sob direção musical de Abel Rocha e com figurinos de Iacov Hillel

Barroco inglês de Purcell desfia surpresas

João Pires/Divulgação
Os cantores Rubens Medina (Enéas) e Adélia Issa (Dido), em cena de "Dido e Enéas", ópera de Henry Purcell (1659-1695)


JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A música barroca inglesa teve como mestre superlativo a figura de Henry Purcell (1659-1695). Entre suas composições, a única que se enquadra na concepção usual de ópera é "Dido e Enéas", estreada em 1689 pelas pensionistas do colégio feminino Josias Priest's.
"Dido" estará sendo encenada no teatro São Pedro, em São Paulo, a partir de amanhã. Serão só três apresentações, as outras duas no sábado e na segunda-feira.
A direção musical é do maestro Abel Rocha, especialista na música daquele período. O espetáculo trará um time invejável de cantores, como Adélia Issa (Dido), Rubens Medina (Enéas), Martha Herr (Belinda) e Silvia Tessuto (Feiticeira). A direção cênica e os figurinos são de Iacov Hillel.
Além da Orquestra de Câmara Engenho Barroco, participam os cantores do Collegium Musicum, conjunto criado em 1962 e do qual Rocha é há 20 anos o titular.
O Collegium Musicum tem sido responsável pela ampliação do conhecimento direto que o público paulistano possui da música coral dos séculos 16 a 18. Além de Purcell -"Dido" já foi interpretada em versão de concerto-, trouxe obras de Monteverdi, Marenzio, Thomas Tallis ou Schütz.
Rocha diz que a montagem não agradará apenas aos iniciados no gênero lírico. A engenhosidade da música fascina, mas com ela virá também uma concepção movimentada de teatro, com surpresas nos efeitos cênicos do segundo ato, em que as feiticeiras conseguem romper a relação amorosa da rainha Dido, de Cartago, com o príncipe troiano Enéas.
A "pocket opera", montagem que dispensa grande orquestra e parafernália teatral dos palcos maiores, reserva surpresas para quem conhece a partitura de Purcell e o livreto de Nahum Tate. O final do segundo ato foi perdido após a morte do compositor, e os diretores saem em busca de soluções narrativas e musicais para manter a cadência do espetáculo.
No caso, Abel Rocha faz Rubem Medina interpretar uma ária de Händel, o que combina com montagens líricas de há séculos, nas quais determinados cantores inseriam peças que eram suas marcas musicais.
Os séculos 18 e 19 foram pouco generosos com a memória de Purcell. "Dido" só voltaria a ser montada em Londres em 1895. Já sem a dimensão de pura curiosidade operística, seguiram-se produções em Nova York (1923), Florença (1940) e Roma (1949).

DIDO E ENÉAS, ópera de Henry Purcell. Quando: amanhã, sábado e segunda, às 21h. Onde: teatro São Pedro (r. Barra Funda, 171, tel. 3667-0499). Quanto: R$ 15 e R$ 30).


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