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"Bella' venceu prêmio do público no Festival de Toronto (2006)

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

A adoção por pais solteiros é tema involuntário nos cinemas, com as estréias de "Ensinando a Viver" (2007) e "Bella" (2006). Mais do que isso, no fundo: a paternidade funciona, para os protagonistas de ambos, como uma forma de superar traumas e preencher vazios emocionais.
Em "Bella", o universo é o da cultura "rico-mex" - metade porto-riquenha, metade mexicana - em Nova York. José (Eduardo Verástegui) é o chef do próspero restaurante da família, administrado com rédea curta pelo irmão mais velho (Manny Perez).
Sabemos que, alguns anos antes, José era um ascendente jogador de futebol, transferido do fictício Club Madrid para uma carreira promissora no MetroStars de NY/Nova Jersey. No caminho, algo ocorreu.
Quase irreconhecível, com barba e cabelos longos, ele parece se esconder no restaurante. Sairá dessa espécie de exílio, no entanto, por causa de Nina (Tammy Blanchard, de "O Bom Pastor"). Garçonete do restaurante, ela perde o emprego por causa de constantes atrasos. Ao conhecer o motivo, José resolve acompanhá-la durante um dia, que inclui visita à casa dos pais na praia e imersão em mundo de afetos intensos.
Retrocessos e avanços no tempo se encarregam de sublinhar a importância desse dia na vida de ambos, que o diretor mexicano Alejandro Gomez Monteverde -em sua estréia em longa- acentua sem vergonha de recorrer a manjadas ferramentas do drama.
Há também algo de folclórico no tratamento dessa família "rico-mex" como um mundo à parte nos EUA, que os atores conseguem evocar porque seus personagens parecem mesmo valorizar a maneira carinhosa, colorida e barulhenta com que tocam a vida enquanto o corre-corre de Manhattan segue indiferente a seus dramas pessoais.