São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2011

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Mostra tenta mapear a produção atual

Seleção de 80 artistas no Itaú Cultural reúne consagrados dos anos 60 e 70 e jovens em ascensão de todo o país

Curadores que fizeram mais exposições na última década, de acordo com ranking do museu, assinam mostra

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Na montagem da exposição, Paulo Herkenhoff tira um lápis do bolso e desenha um diagrama. Linhas representando poder, imprensa, colecionadores, mercado e outros fatores se cruzam no desenho que faz na parede.
Ele aponta os vazios entre as rotas e diz que buscou ali os artistas escalados para uma das partes da mostra que começa hoje no Itaú Cultural. Seriam autores que "só tangenciam" os polos de poder.
De certa forma, os recortes dos outros curadores -Moacir dos Anjos, Tadeu Chiarelli, Lauro Cavalcanti e Fernando Cocchiarale- também tentam mapear a produção que tem um pé dentro e outro fora dos grandes circuitos.
São 160 obras que se espremem no prédio da avenida Paulista sob o título "Caos e Efeito", ambíguo e elástico para dar conta da mostra que revê a produção experimental dos anos 60 para explicar os rumos da novíssima geração de artistas brasileiros.
Lygia Pape, com suas fotografias do espaço público no Rio, é o ponto de partida para focar a relação de artistas com o cotidiano. Ela também aparece ligada à ideia de quebra de paradigma na imagem do país, que abusou da bossa nova, da arquitetura modernista e do construtivismo como ícones de brasilidade.
Nelson Leirner é escalado no mesmo recorte com "Construtivismo Rural", composições concretistas feitas com pele de vaca preta e branca no lugar das manchas de cor.
Na sala ao lado, herdeiros conceituais de Leirner, além do próprio, aparecem entre os que questionam o establishment, como o grupo Alumbramento e Fabiano Gonper, que se apropria de vídeos de leilões de arte.
"Essa atitude continua na arte", diz Cocchiarale. "É um contraponto ao espetáculo."
Filtrados por um radar antiespetáculo, nomes do Norte e do Nordeste ocupam o subsolo, numa cota para a produção marginal que entrou para o "grand monde", como a de Yuri Firmeza e Jonathas de Andrade.
Seria uma tentativa de driblar o que Herkenhoff chama de "colonialismos internos". Mas, diante dos excessos da mostra, que opõe sem elos muito eficazes grifes coruscantes a jovens em ascensão, tudo arrisca perder o efeito e se diluir mesmo no caos.

CAOS E EFEITO
QUANDO abre hoje, às 12h; de ter. a sex., das 9h às 20h; e sáb. e dom., das 11h às 20h; até 23/12
ONDE Itaú Cultural (av. Paulista, 149, tel. 2168-1776)
QUANTO grátis



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