São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2011

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Tatiana Blass cria caos a partir da ordem no Morumbi

Instalação se baseia em personagem que desfazia manto para esperar seu amado

Divulgação
A instalação "Penélope", da artista plástica Tatiana Blass, que está em cartaz na Capela do Morumbi até fevereiro

NOEMI JAFFE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Como o silêncio que contém os barulhos, ou o branco que é feito de cores, a ordem provém do caos.
O limite entre esses opostos é tão fino que, numa distração, um se transforma no outro. O que importa é a dose. Só o caos radical pode gerar a ordem, e esta, para chegar ao caos, precisa ser gigantesca.
É assim com "Penélope", a instalação de Tatiana Blass que fica na Capela do Morumbi até fevereiro.
Um tapete vermelho, comprido e estreito, situado na entrada e tecido com os pontos apertados leva o observador até um tear, no altar da capela, onde estão os nós da fiação, para se desfazerem do lado de trás do tear, até atravessar os buracos da taipa e invadir os jardins da capela, ocupando a vegetação e dificultando a locomoção.
A pergunta, neste caso, talvez não seja tão simples como: o tecido vem da desordem ou leva a ela? Porque o que importa não é estabelecer origens e resultados.
O silêncio leva e provém do ruído, e vice-versa.
É desfazendo o manto -destruição do passado- que Penélope constrói o futuro; é mentindo -impedindo que saibam que, à noite, ela desmancha o que teceu de dia- que a companheira de Ulisses possibilita que se chegue à verdade. E nisso ela é tão astuta quanto Ulisses, o único a escapar às sereias.
Fazendo e desfazendo o tecido, ela transforma a demora em malícia e, assim, o caos que se vê do lado de trás da capela é como um elogio vermelho à astúcia feminina.
Enquanto pretendentes ficam se perguntando tolices (de onde vem, por que não acaba?), Penélopes silenciosas já sabem as respostas.

TATIANA BLASS
QUANDO ter. a dom., das 9h às 17h
ONDE Capela do Morumbi (av. MORUMBI, 5.387, tel. 3772-4301)
QUANTO entrada franca



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