São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupo ocupa clube de sadomasoquismo

João Wainer/Folha Imagem
Cena de "Confraria Libertina", de Mauricio Paroni de Castro, com o grupo Manufactura Suspeita


DA REPORTAGEM LOCAL

Um clube de sadomasoquismo da cidade abre sua "masmorra" para o grupo experimental Atelier Teatral Manufactura Suspeita, do diretor Maurício Paroni de Castro. Trata-se de ambiente subterrâneo destinado às fantasias de dominadores, escravos e afins.
"Confraria Libertina" teve sua quinta sessão na última terça. A temporada off-off, sem divulgação pela mídia tradicional, ganhou corpo e desdobrará para mais um dia, também aos domingos, em outubro.
Paroni de Castro, 43, que vem de encenar "Pornografia Barata" com o mesmo grupo num bar alternativo em meio às boates da r. Augusta, toma cuidado em classificar o novo trabalho. "Não é teatro", diz. No limite, ou deslimite, um evento, uma performance. Os atores não buscam o realismo das cenas protagonizadas pelos adeptos da casa nas demais noites.
Talvez a chave teatral sirva mais à dramaturgia. "Confraria Libertina", uma farsa, faz um retrospecto da história da humanidade em quadros que vão da cena primitiva aos chicotes do Marquês de Sade entre os séculos 18 e 19, passando pela sodomia no Império Romano e pela Inquisição.
O diretor e o grupo chegaram ao Clube Dominna para uma pesquisa de campo sobre o "grand guignol" (tipo de drama surgido na França, no final do século 19, com estilização de histórias macabras) e sobre o universo pincelado pelo escritor austríaco Arthur Schnitzler (1862-1931) em "Breve Romance do Sonho", que Stanley Kubrick (1928-99) adaptou em "De Olhos Bem Fechados".
Há um pouco desses alvos iniciais, mas as sombras e desejos do sadomasoquismo (SM) se impuseram. Cinco freqüentadores do clube deram subsídios para o texto. E os sócios do Dominna, em funcionamento há nove meses, se deixaram seduzir pelo projeto.
"Ajudará a mudar a visão distorcida que as pessoas normalmente têm do SM. Não é pancadaria gratuita, mas uma filosofia que prega a liberdade de fantasiar como atitude saudável, segura e consensual", diz a sócia Walkiria Schneider, 43, dominadora de Bela, 36. (VS)

CONFRARIA LIBERTINA. Dramaturgia e direção: Maurício Paroni de Castro. Com: Atelier Teatral Manufactura Suspeita. Onde: Clube Dominna (r. Topázio, 988, Aclimação, tel. 5573-4572). Quando: ter., às 22h (em outubro, também dom., às 19h). Quanto: R$ 30 (40 lugares).


Texto Anterior: Grupo Satyros encena o amor transexual
Próximo Texto: Dança: Pureza da valsa inspira coreografia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.