São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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Zélia Duncan faz 30 anos de carreira com Tatit e Itamar

Cantora estreia espetáculo baseado na obra do primeiro e prepara disco com canções do segundo

Em cartaz a partir do dia 3, "Tô Tatiando" usa personagens das canções de Tatit para criar roteiro teatral

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Zélia Duncan nasceu em Niterói (RJ), mas morava em Brasília quando começou a cantar, em 1981. Tinha 16 anos e vivia ali desde os seis.
Nesse período, ouvia os discos "estranhos" do irmão mais velho: os recém-lançados álbuns de estreia de Itamar Assumpção, de Arrigo Barnabé, do grupo Rumo.
Matava aula para tocar violão com Cássia Eller. Quando não estavam cantando, as duas iam passar as tardes garimpando as novidades na loja Jegue Elétrico, especializada em música independente.
Ali, complementavam a discoteca apresentada pelo irmão de Zélia com outros álbuns que acabavam de ser lançados. Na lista, os das cantoras Eliete Negreiros, Cida Moreira e de outros nomes ligados à vanguarda paulistana, então em evidência. É nesse passado que Zélia se debruça agora, quando comemora 30 anos de carreira.
Com lançamento previsto para o começo do ano que vem, a cantora prepara seu já esperado álbum dedicado às canções de Itamar. Ela é, afinal, o principal elo entre o obscuro repertório do compositor paulista e o grande público das trilhas de novela e da programação das rádios.
O disco deve contar com muito material inédito de Itamar -inclusive canções que ele escreveu pouco antes de morrer, em 2003, especificamente para a voz de Zélia.
Antes disso tudo, no entanto, a cantora prepara o espetáculo "Tô Tatiando", criado a partir do repertório de Luiz Tatit, outro artista ligado à vanguarda paulistana. E, pela primeira vez nesses 30 anos, ela atua menos como cantora e mais como atriz. "A gente está encenando as músicas dele", ela diz, enfatizando a palavra "encenando". "Não é show, mas é música. É uma brincadeira com as personagens que existem naquelas canções."
Sim, haverá dois músicos no palco, que vão se revezar entre violões, guitarras e sopros. Mas o foco é mesmo a interpretação, a cena. Para tanto, Zélia convidou a atriz Regina Braga para dirigir e ajudar na concepção -o que inclui amarrar as tais personagens das letras de Tatit. Há um mês, as duas estão "internadas" em uma sala de ensaios no Alto da Lapa.
Cofundador do grupo Rumo, Tatit tornou-se, há três décadas, mestre em compor nas linhas de fronteira entre o canto e a fala -tanto musical quanto poeticamente.
"Estou gostando de comemorar meus 30 anos nesse território", diz Zélia. "Como a antidiva, a anticantora. Comemorar com o anticanto." Segundo instruções que vem recebendo de Regina, ela não precisa "soltar a voz". Não precisa nem ser afinada. "Aqui é teatro, aqui ela pode tudo", diz a diretora.
Dia 3, "Tô Tatiando" estreia no Sesc Belenzinho. Dez sessões. Depois, segue em turnê. E deve virar DVD. É, segundo Zélia, uma declaração de amor a São Paulo, antes de mais nada. Ou a declaração seria à memória daquela menina que passava as tardes no Jegue Elétrico?

TÔ TATIANDO
QUANDO de 3 a 18/9; qui. a sáb., 21h; dom., 18h
ONDE Sesc Belezinho (r. Padre Adelino, 1.000; tel. 0/xx/11/2076-9700)
QUANTO R$ 32
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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